Com o avanço dos e-books, dos áudios livros e dos aplicativos de leitura rápida, muitos previram o fim dos livros impressos. Mas a realidade mostrou o contrário: os livros de papel não apenas sobreviveram — eles continuam sendo os preferidos de milhões de leitores em todo o mundo.
Segundo levantamento da Nielsen BookScan, as vendas de livros físicos continuam superando as versões digitais em muitos mercados, incluindo o Brasil. Mas o que explica essa resistência cultural em plena era das telas?
Ler no papel é uma experiência sensorial: o toque da folha, o cheiro da impressão, o virar das páginas. Tudo isso cria um vínculo emocional com o objeto. “O livro impresso é também um artefato afetivo, um companheiro de cabeceira, um presente carregado de memória”, afirma a antropóloga cultural Paula Goulart.
Além disso, estudos mostram que a leitura no papel oferece maior retenção e compreensão do conteúdo, especialmente em textos longos. Um artigo da revista Scientific American informa que o cérebro processa melhor a estrutura da informação quando ela está ancorada fisicamente em páginas numeradas.
Outro fator decisivo é a presença simbólica dos livros em casa. Ter uma estante cheia ainda é visto como sinal de cultura e identidade intelectual. Editoras, livrarias e feiras literárias continuam movimentando um mercado vibrante. No Brasil, eventos como a Bienal do Livro seguem atraindo multidões, mesmo com a digitalização crescente.
E há também uma certa rebeldia envolvida. Em um mundo dominado por notificações e distrações, abrir um livro de papel é quase um ato de desaceleração consciente — um refúgio offline.
Ao que tudo indica, os livros físicos não são peças de museu. Eles são, na verdade, sobreviventes adaptados — e continuam escrevendo seu capítulo na história da leitura.
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter