TCSB: Nova temporada de "Auto dos Físicos", Clube de Leitura e Oficina para Crianças
A Escola da Noite volta a apresentar em Coimbra, entre 8 e 17 de Fevereiro, o espectáculo "Auto dos Físicos". A divertida farsa escrita por Gil Vicente, estreada pela companhia em 2014, estará em cena de quinta a sábado, às 21h30, estando igualmente previstas algumas sessões especiais para o público escolar. Uma nova sessão do Clube de Leitura Teatral, com José Maria Vieira Mendes, e a oficina "Brincar ao Teatro", nos Sábados para a Infância, são as outras propostas da semana.
AUTO DOS FÍSICOS
O "Auto dos Físicos" foi escrito e representado pela primeira vez entre 1519 e 1524. Um padre "morre" de um amor não correspondido e quatro médicos (os "físicos") visitam-no à vez, sugerindo estranhos remédios. Brásia Dias, a parente que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende "bem demais" o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens desta farsa, que termina com uma "ensalada" poética e musical, com referências a outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional.
A peça apresenta caricaturas de pessoas concretas - os quatro "físicos" correspondem a pessoas que realmente existiam e que o público facilmente reconhecia - mas é também, como quase toda a obra de Vicente, um retrato da corte, da Igreja e da sociedade portuguesas do século XVI em Portugal.
Co-produção com a Ordem dos Médicos
O espectáculo estreou em 2014, em co-produção com a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, no âmbito das comemorações dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde. Perante o convite que então lhe foi feito pela organização destas comemorações, a companhia não quis deixar de se juntar à mobilização em torno da defesa daquela que é um das mais justas e importantes conquistas da democracia portuguesa. "Como a educação e a cultura, a saúde é uma das áreas em que o papel do Estado é essencial para garantir o desenvolvimento de uma sociedade mais humana, solidária e democrática" - escreveu A Escola da Noite na altura. Quatro anos depois, e para além de reiterar este princípio, a companhia lembra que a escolha desta peça valoriza simultaneamente a importância intemporal da saúde e dos seus profissionais na vida das pessoas e o papel do humor e da arte na resistência às afrontas e na luta por um mundo melhor.
Ainda no âmbito desta co-produção, A Escola da Noite e a Ordem dos Médicos convidam todos os médicos da região a trazer amigos ao Teatro: na compra de um bilhete a preço normal, os médicos têm direito a um segundo bilhete de oferta durante toda a temporada do espectáculo no Teatro da Cerca de São Bernardo.
Uma língua viva
Como sempre faz nas suas incursões vicentinas, A Escola da Noite conjuga uma abordagem cénica contemporânea com o respeito incondicional pelo texto original, sem concessões nem actualizações forçadas. Cabe às restantes linguagens postas em cena (a gestualidade, a cenografia, os figurinos, os adereços, a música) o papel de ajudar a esclarecer os sentidos de algumas palavras que, ao longo dos 500 anos que nos separam de Gil Vicente, foram caindo em desuso. Para os casos mais difíceis, existe um glossário, distribuído gratuitamente aos espectadores, que inclui também, neste caso, algumas notas sobre o contexto histórico em que o texto foi escrito e sobre as pessoas reais que Vicente imortalizou. Esta opção acrescenta um atractivo adicional ao espectáculo: uma prazerosa descoberta ou redescoberta de palavras "estranhas" mas que fazem parte da vida e da riqueza da língua portuguesa.
Com encenação de António Augusto Barros, o espectáculo conta com as interpretações de Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo. O cenário recupera um objecto carismático da história da companhia - a caixa desenhada por João Mendes Ribeiro que tem acompanhado boa parte do percurso vicentino d'A Escola da Noite.
CLUBE DE LEITURA TEATRAL
Já amanhã, terça-feira, 6 de Fevereiro, pelas 18h30, tem lugar uma nova sessão do Clube de Leitura Teatral, iniciativa que A Escola da Noite e o Teatro Académico Gil Vicente co-organizam pelo terceiro ano consecutivo, com sessões mensais realizadas alternadamente entre os dois espaços. No âmbito do ciclo dedicado à dramaturgia portuguesa contemporânea, em que diversos autores são convidados a dirigirem sessões de leitura das suas próprias peças, é agora a vez de José Maria Vieira Mendes. O escritor propõe a peça "Max e René. Um monólogo e um cão". Como habitualmente, a entrada é gratuita.
José Maria Vieira Mendes nasceu em 1976 e escreve e traduz teatro. O seu trabalho no teatro tem estado ligado aos Artistas Unidos e ao Teatro Praga. Das suas peças destacam-se: Dois Homens (1998); Se o Mundo não fosse assim (2004); A Minha Mulher (2007); O Avarento ou A última festa (2007); Onde Vamos Morar (2008); Aos Peixes (2008) e ANA (2009). Foi distinguido com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte 2000 do Instituto Português das Artes do Espetáculo, Prémio ACARTE/Maria Madalena Azeredo Perdigão 2000 da Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva 2006, atribuído pelo Instituto Camões e Funarte pela peça "A Minha Mulher".
BRINCAR AO TEATRO
Nos Sábados para a Infância no TCSB, que todas as semanas propõem actividades artísticas para os mais novos e para o público familiar, assinala-se o regresso da oficina "Brincar ao Teatro", dirigida pela actriz d'A Escola da Noite Maria João Robalo e destinada desta vez a crianças entre os 6 e os 10 anos. Os participantes vão poder experimentar figurinos e adereços, correr no palco, olhar para a plateia e ouvir e contar pequenas histórias. A sessão dura cerca de uma hora e meia e inclui uma visita a alguns dos cantos mais escondidos do TCSB. A inscrição custa 10 Euros e pode ser feita pelos contactos habituais do TCSB: 239 718 238 / 966 302 488 / [email protected]
Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
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