Os cinegrafistas cujas imagens iam ao ar pareciam empenhados em tornar ilegíveis os conteúdos dos cartazes carregados pelos manifestantes. Não os exibiam com clareza. Pretendiam apenas mostrar a massa e não o que a motivava. Mesmo assim, o que consegui ler evidenciava absoluta falta de objetivos. Opor-se a tudo é o mesmo que opor-se a nada. Ser contra o que está aí e não apontar o dedo para Lula, Dilma, Dirceu, Sarney, Renan é excesso de cortesia. Não responsabilizar nem com a ponta do mindinho o partido que nos governa há 12,5 anos com o voto de muitos dos que ali estavam é inútil dispêndio de energia.
Por Percival Puggina
Erguer cartazes contra a corrupção sem indicar um único corrupto ou corruptor chega a ser patético. Ser contra o absurdo dispêndio de recursos públicos nas obras da Copa (enquanto a oferta dos serviços públicos vai para o ralo da falta de dinheiro) é pegar o trem com sete anos de atraso. Manifestar descontentamento agora só vai aumentar o prejuízo porque certamente vai afetar a vinda de turistas.
Em política, mobilizações contra algo são bem menos produtivas do que manifestações contra alguém. Por exemplo: ser contra a corrupção é como ser contra o câncer. Todo mundo é. A mobilização deve ser contra a corrupção do governo tal ou qual.
*Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
Por Percival Puggina, em 21/06/2013 - 00:02. Você pode acompanhar as respostas a este texto acessando o leitor RSS 2.0.
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