Cinquenta histórias da vida artística de actores e encenadores no livro Teatro, Prazer e Risco. Retratos sociológicos de actores e encenadores portugueses da autoria da investigadora Vera Borges
Como chegaram ao teatro?
O teatro é uma paixão, um prazer, um apelo forte pela arte?
Porque razões perseguem até ao limite e pagam o seu sonho: fazer teatro?
O que fazem hoje aqueles que conseguiram vencer as adversidades e trabalham nos grupos de teatro?
Ser actor é um trabalho. Não é estar num patamar superior, Os pequenos trabalhos pagam um sonho, A arte não é um emprego. É uma forma de estar. Estes são alguns dos desabafos ouvidos por Vera Borges, investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS-UL), no decorrer das 50 entrevistas agora publicadas no livro Teatro, Prazer e Risco. Retratos sociológicos de actores e encenadores portugueses.
A falta de meios, de condições de trabalho e de estatuto profissional são os maiores problemas que hoje se levantam aos actores e encenadores portugueses. Uma marca comum nos seus discursos: o risco, a instabilidade e a incerteza das suas carreiras (é uma situação permanente e não afecta apenas os mais jovens), os contratos a recibos durante anos a fio com o mesmo empregador.
Ainda assim o número de artistas não pára de aumentar. Este aumento exponencial deve-se entre outros factores ao prazer, à componente de realização pessoal e vocacional associada a estas actividades, e às exigências de criatividade e inovação das sociedades contemporâneas. Sendo em grande número, os artistas são cada vez mais competitivos nos mercados e procuram chamar a atenção do público, também ele muito sensível às diferenças de talento, lançando para a ribalta os seus artistas preferidos (com a ajuda das televisões e dos Óscares portugueses!).
A investigadora do ICS e doutorada em Sociologia realizou uma profunda e extensa investigação sociológica sobre a actividade teatral em Portugal inédita no nosso país que envolveu 102 grupos de teatro e 140 profissionais do meio e concluiu que a incerteza quanto ao futuro é uma das tónicas dominantes do discurso de todos aqueles que trabalham no meio. Para isso, muito contribui a ausência do reconhecimento, por parte do Estado, de qualquer condição de distinção ou de enquadramento legal da profissão.
Esta obra, que estará nas livrarias dia 13 de Outubro, surge na sequência do livro O Mundo do Teatro em Portugal, publicado em 2007, que retrata uma extensa e aprofundada investigação sobre a actividade teatral do nosso país, no que se relaciona com a profissão de actor, as organizações e o mercado de trabalho. O estudo da investigadora Vera Borges envolveu a participação de 102 grupos de teatro e 140 profissionais do meio, que permitiram traçar um retrato fiel e actual da situação do meio teatral em Portugal.
Alguns destes grupos de teatro chegaram ao fim do seu percurso mas não aconteceu o mesmo com as pessoas que os fundaram, que neles trabalharam como actores permanentes do elenco ou actores convidados
Fonte: IMAGO
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