Na Amazônia no Mato Grosso mora o povo indígena Bororo. Os Bororo estão perdendo suas terras num processo que já dura quase um século. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 100 mil hectares das terras dessa comunidade foram demarcadas em 1912.
No entanto, essa população sofreu repetidas expulsões pela ação de posseiros, garimpeiros e também do governo do estado. Hoje, os Bororo somam cerca de 1,3 mil pessoas e são obrigados a viver espalhados por todo estado.
De acordo com Sebastião Carlos Moreira, coordenador regional do Cimi no Mato Grosso, existem atualmente vilarejos em cima das terras indígenas, no município de Poxoréu. Segundo ele, está havendo um difícil processo de dispersão desses índios.
Tiraram as terras desse povo, houve desagregação em sua estrutura sócio-cultural. Eram pessoas que ali viviam e tinham toda sua referência com aquele local e terra onde estão dispersos em outras terras.
Ou seja, aquilo que há de mais sagrado para a sobrevivência de qualquer pessoa que é a terra, o alicerce onde as pessoas organizam sua vida e se planejam, eles perderam esse alicerce. É das maiores ameaças que se pode fazer a qualquer ser humano.
A primeira derrota dos índios foi em 1945, quando o estado titulou a reserva indígena Jarudóri, reduzindo a área que havia sido demarcada no início do século passado para 6 mil hectares.
Na década de 80, as terras já eram menores que 5 mil hectares. Segundo movimentos e entidades indígenas, os Bororo se organizam para a retirada dos não-índios de toda a extensão de Jarudóri e das terras Teresa Cristina, as duas áreas da ocupação tradicional desta comunidade.
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