Sob a égide do Museu Nacional de História Natural (Universidade de Lisboa) e da Junta de Freguesia de Santiago de Litém (Pombal) está a decorrer durante esta segunda quinzena de Maio de 2010 a quarta campanha de escavações paleontológicas na Jazida de Andrés
Sob a égide do Museu Nacional de História Natural (Universidade de Lisboa) e da Junta de Freguesia de Santiago de Litém (Pombal) está a decorrer durante esta segunda quinzena de Maio de 2010 a quarta campanha de escavações paleontológicas na Jazida de Andrés conduzida por uma equipa ibérica de investigadores de várias instituições científicas: MNHN-UL, Grupo de Biología de la UNED (España), Laboratório de História Natural da Batalha, Universidad Autónoma de Madrid (España), Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia da ALT Sociedade de História Natural de Torres Vedras (LPPALT), Departamento e Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, entre outras.
A presente fase de escavação está a proporcionar novos exemplares de fósseis, com o concomitante alargamento do conhecimento acerca da jazida e da fauna do Jurássico Superior na Península Ibérica e na Europa Ocidental. Saliente-se, para além da importantíssima ocorrência de Allosaurus fragilis na Europa, o espólio de esfenodontes, já notável à escala mundial. Também o espólio de saurópodes (herbívoros de grande porte) aumentou já significativamente.
Localizada na Freguesia de Santiago de Litém (Pombal), esta jazida descoberta em 1988 por um dos proprietários do terreno onde ela se encontra (Sr. José Amorim que pronta e gentilmente a comunicou a instituições científicas), é composta por sedimentos de um antigo ambiente alagadiço de água doce; ele correspondia a um sistema fluvial pouco profundo (rio distal), aqui com evidências de sucessivas situações de imersão e emersão.
Estes depósitos sedimentares formados sob um clima quente (seco, em termos gerais, húmido por aproximação às grandes reservas hídricas) remontam a determinado momento do Jurássico Superior, situado algures entre os 141 e os 153 Ma (= milhões de anos).
Como resultado das várias campanhas de escavação anteriores foi extraído daqui um elevado número de fósseis que representam uma ampla diversidade paleobiológica, tornando-o um dos mais notáveis registos europeus deste tipo de paleoambientes relacionável com aquele período da História da Terra. Entre o espólio paleontológico exumado de Andrés encontramos: abundantes vestígios de plantas, elevado número de moluscos (gastrópodes (= búzios) e bivalves), algumas tubulações resultantes da actividade escavadora de invertebrados (insectos e/ ou anelídeos), restos de peixes, de pequenos anfíbios, de lepidossáurios esfenodontes (= répteis afins da actual tuatara da Nova Zelândia), de crocodilos, de répteis voadores e de perto de uma dezena de espécies distintas de dinossáurios, quer carnívoros, quer fitófagos (= herbívoros), distribuídas pelos vários grandes grupos (saurópodes, terópodes e ornitisquianos).
Dos dinossáurios mais relevantes pela sua frequência (em termos de número de peças) e pela sua conservação na Jazida de Andrés sobressai o predador Allosaurus fragilis assinalado em inúmeras jazidas do continente americano desde a segunda metade do século XIX e também presente em Portugal através da descoberta de vários indivíduos existentes, por exemplo, nas colecções do MNHN-UL e da LPPALT (Torres Vedras) e patentes ao público em exposição temática a decorrer neste momento em Lisboa no MNHN-UL.
Entre os objectivos desta escavação estão: melhorar o conhecimento do registo geológico e paleobiológico alusivo a esta jazida, bem como compreender melhor o estabelecimento das relações de índole paleobiogeográfica operadas há muito entre a América do Norte e a Europa Ocidental, durante o Jurássico Superior.
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