Em diversos países o exame de vista para motoristas exige acuidade visual de 50% que é considerada pelos especialistas suficiente na condução de veículos. O oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) alerta que condutores com distúrbios na acuidade e campo visual devem passar por exames oftalmológicos periódicos para garantir a segurança no trânsito.
No Brasil, comenta, a maioria das pessoas só faz exame de vista quando vai renovar a carteira de habilitação que prevê um período de 5 anos em que podem ocorrer grandes mudanças nos olhos. Condutores com campo visual lateral menor que 160 graus são portadores de glaucoma, doença silenciosa que representa a segunda maior causa de cegueira evitável no mundo.
O médico ressalta que um estudo conduzido por ele durante 3 anos em que participaram 81 portadores de glaucoma, 57% desperdiçou o colírio e por isso fez uso descontínuo do medicamento. Resultado Em 3 anos a perda de campo visual aumentou. Além das consultas periódicas, ressalta, o uso de lentes que melhoram a visão funcional é essencial para manter a segurança no trânsito.
Isso porque, ressalta, a leitura das letras na Carta de Snellen e a lanterna utilizada para medir o ofuscamento no exame de habilitação não garantem que o motorista tenha boa visão funcional.
Ele explica que se trata do campo visual, rapidez de leitura, capacidade de adaptação em diferentes níveis de iluminação, ofuscamento, percepção de profundidade, cores e contraste. Com exceção do campo visual todas as outras funções sofrem alterações relacionadas à menor acuidade visual. Óculos de grau atualizados melhoram a percepção de profundidade, mas não restaura por completo a visão funcional, observa. Só para se ter uma idéia, pessoas com 50% de visão têm metade da rapidez de leitura e
por isso devem estar atentas à velocidade que dirigem para evitar acidentes.
Conheça as lentes que melhoram a visão no trânsito
Queiroz Neto afirma que os óculos escuros apreciados por muitos motoristas diminuem a acuidade visual e a percepção de contraste. Por isso, durante o dia as melhores lentes são as fotossensíveis que escurecem de acordo com a intensidade de luz, protegendo os olhos da radiação ultravioleta, importante causa da catarata e degeneração da retina. Só recomenda o uso de óculos escuros para quem tem boa visão funcional e para portadores de fotofobia (aversão à claridade).
O problema é comum em albinos ou pessoas de pele e olhos claros que não têm qualquer enfermidade ocular. Mas, também pode estar relacionado ao astigmatismo (deformidade da córnea que dificulta a visão de perto e longe), olho seco, alergia, doenças inflamatórias ou câncer nos olhos, ressalta. Por isso, adverte, quem tem aversão à claridade deve checar com o oftalmologista o motivo da sensibilidade.
Para míopes que têm maior dificuldade de adaptação ao crepúsculo o médico diz que a solução é utilizar lentes de grau na cor âmbar que melhoram a visão de contraste. Já fiz teste no consultório com diversos pacientes colocando uma lente âmbar na frente dos óculos de grau e a visão de contraste melhora, afirma.
Quem dirige à noite deve optar por lentes amarelas que reduzem o ofuscamento causado por faróis. Queiroz Neto ressalta que o ofuscamento e a dificuldade de enxergar à noite também podem sinalizar início de catarata. A doença reduz em 4 vezes a visão noturna, comenta. A única solução para catarata é o implante de lentes que substituem o cristalino opaco. Acabam de chegar ao mercado lentes intra-oculares que eliminam a necessidade de usar óculos em 95% dos casos, inclusive para perto. Estudos mostram que a nova tecnologia reduz o risco de acidentes de trânsito em 50%, conclui.
Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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