O escândalo de espionagem entre a Rússia e a Grã-Bretanha em 2006 tomou um rumo inesperado. O ex-chefe do Gabinete do ex-primeiro-ministro Tony Blair, Jonathan Powell, reconheceu a existência da " pedra de espionagem ", que foi mostrada pela televisão russa há seis anos ."Esse assunto da pedra foi vergonhoso", declarou Powell na reportagem da BBC.
"Eles(russos) nos pegaram totalmente de surpresa. Certamente já sabiam há algum tempo, mas estavam aguardando o momento para usar isso com fins políticos", admitiu. O canal Rússia (Rossia) divulgou em janeiro de 2006 uma filmagem feita por câmeras escondidas nas quais um homem que caminhava devagar ao lado da pedra e outro que a pegava e depois a colocava novamente na terra.
Posteriormente, a câmera mostrou o interior da suposta pedra que tinha uma "tampa" a esconder um aparelho eletrônico. Segundo a FSB (Serviço Federal de Segurança), diplomatas britânicos utilizavam-na para enviar e transmitir informação. Até agora, o governo britânico negou qualquer envolvimento neste caso. Mas em uma entrevista sensacional para BBC o ex-funcionario confirmou que a pedra era realmente de propriedade da inteligência britânica.
O fato de reconhecimento da presença de Londres da rede de inteligência na Rússia é um passo destinado a melhorar as relações bilaterais com Moscou depois de terem complicados em conexão com o caso Litvinenko, acredita ex-chefe da FSB, Nikolai Kovalev, agora deputado da Duma.
Nas atividades dos serviços secretos não é de costume a reconhecer os fatos de espionagem. Mesmo com todos fatos, até provados em tribunal a parte acusada não admite sua culpa até a ultima opção. Especialmente se fosse a atividade a prejudicar a segurança de outro país", disse Kovalev à agência RIA Novosti. Segundo ele, neste caso Londres faz uma confissão sensacional. "Esta é uma das poucas ocasiões quando no nível político e oficial faz-se o reconhecimento formal", disse o deputado.
Segundo Kovalev, após a morte do ex-oficial da FSB Alexander Litvinenko no Reino Unido, a relação entre dois países foi traçada por "elementos da guerra fria". Litvinenko que desertou para a Grã-Bretanha em 2000, morreu 23 de novembro de 2006, pouco depois de receber a cidadania britânica. Especialistas britânicos disseram terem encontrado no seu corpo uma quantidade significativa do elemento radioativo polônio-210. Relatório oficial sobre as causas da morte de Litvinenko ainda não foi publicado.A polícia britânica acusa de envolvimento na morte de Litvinenko o russo Andrei Lugovoi que a Rússia nega de extraditar.
"O reconhecimento expresso é um sinal sério de Londres para que sejam melhoradas as relações entre nossos países ", acredita Kovalev. "No entanto, agora as autoridades esperam de nós uma resposta, que sejamos mais abertos, incluindo o caso Litvinenko", alertou. Ele ressaltou que a Rússia está disposta a cooperar, mas de uma forma legítima e profissional. Neste contexto o ex-chefe da FSB lembrou que, de acordo com a Constituição da Federação Russa, a Rússia não extradita seus cidadãos em que insiste a Grã-Bretanha. "Co-operação — seja bem-vinda, entreguem as provas e, então, vamos trabalhar nesse sentido", disse .
É interessante que o jornalista Arkadi Mamontov que revelou o caso, no decorrer destes 6 anos tem sofrido as críticas e insultos por parte da mídia opositora. "A pedra de espionagem foi inventada por Mamontov para promover Putin "- era o lema destes jornalistas, especialmente da rádio-emissora Eco de Moscou. "Devido a estas críticas temos agora uma ocasião de informação muito importante que não pode ser silenciada. Isto significa que, pelo menos, a Rússia será vacinada contra a chegada ao poder dos agentes e espiões pró-ocidentais, que estão apenas à espera de dividir o país e destrui-lo inteiramente. Isto, felizmente, não conseguirão ", disse o jornalista ao Pravda. Ru.
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