O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, em uma entrevista concedida a centrais canais de TV russa, explicou por que se havia recusado a concorrer a segundo mandato. No Congresso do Partido Rússia Unida, realizado no passado fim-dê-semana, finalmente, foi resolvida a principal intriga das próximas eleições presidenciais.
Dmitri Medvedev, o atual presidente da Rússia, decidiu não se candidatar para o segundo mandato, cedendo o direito ao primeiro-ministro Vladimir Putin. Para alguns jornalistas esta decisão foi inesperada. " O Senhor tem um alto nível de confiança, é um político jovem, ativo, com uma boa reputação. Qual é o principal motivo desta decisão? Normalmente, uma pessoa a ocupar a presidência, realiza a oportunidade de candidatar-se para o segundo mandato. O Sr. faz política, políticos são as pessoas ambiciosas. Em que consiste a sua ambição nesta decisão? " — perguntou ao presidente o chefe do Canal I, Konstantin Ernst.
"Olhe, a principal ambição para mim é beneficiar o meu país e o seu povo," — disse Medvedev. De acordo com presidente, ele mesmo e Putin representam a mesma força política, ou seja, o partido Rússia Unida, têm "posições muito próximas" em referência ao desenvolvimento tático e estratégico do país. Portanto, organizar "algum tipo de competição foi absolutamente inútil". Talvez, acredita o presidente, "se pudesse decidir a nomeação por meio das primárias (que o Rússia Unida realizou nesta campanha eleitoral — Red.), mas neste caso ela teria sido o objecto de discussões entre os próprios líderes, que, aliás, não é inconsistente com a prática internacional".
"Bem, aqui imaginemos, por exemplo, Barack Obama a começar a competir com Hillary Clinton depois das primárias? Pois, é impossível imaginar! Os dois são do Partido Democrata e tomaram a decisão baseada em maior ranking de Obama. Desse jeito tomámos a nossa decisão. "- explicou.
Medvedev admitiu o maior ranking de Putin e a maior experiência dele."… São coisas práticas, muito importantes para qualquer político que quer beneficiar seu país, mas não acotovelar-se" — disse. Medvedev também explicou que a decisão anunciada no Congresso do Rússia Unida não havia sido feita de antemão, mas tomada com base na actual situação política.
Porém, o presidente russo, citando a situação americana, está bem distante da realidade, dando que ao contrário de Obama e Clinton, não Putin, nem Medvedev são os integrantes do Rússia Unida, mas só simpatizantes. Então, ele não é amarrado por laços partidários e muitos seus seguidores acreditam que deveria candidatar-se para o segundo mandato.
E presidente Medvedev, conhecido na Rússia por suas opiniões liberais, tem tentado fazê-lo, mas fracassou. Ele reorganizou o partido Causa Justa, introduzindo lá o magnata Mikhail Prokhorov. Mas os seus planos entraram em colapso por causa das grandes ambições de Prokhorov que não havia combinado com os membros do Congresso do Causa Justa e saiu com escândalo. Mas mesmo que tivesse o sucesso, não avançaria muito por uma simples razão. O povo russo ainda se lembra e tem medo do liberalismo de Boris Yeltsin a ter levado o pais a desemprego, guerra na Chechênia e decomposição.
Pode-se adicionar que nas últimas eleições parlamentares todos os partidos de direita em conjunto ganharam nada mais do que 5% dos votos e agora não têm representação na Duma Estatal. Portanto, a aposta do presidente em um partido de direita foi condenada ao fracasso do início.
Na arena de política externa o presidente Medvedev cometeu outra grande falha, apoiando a intervenção da OTAN na Líbia no Conselho de Segurança da ONU. Os russos não gostam daqueles que traem os velhos amigos, pois, o coronel Muammar Gaddafi tinha sido um forte aliado da União Soviética na Guerra Fria, além disso a Rússia assinou muitos contratos com Líbia, inclusive na área de venda de armamentos no valor de $ 4 bilhões. Então a Rússia perdeu na Líbia não só o dinheiro, mas o auto-respeito.
De acordo com as recentes pesquisas de opinião pública, Vladimir Putin tem tido o apoio de 40% da população e Dmitri Medvedev apenas 12-15.
Claro que o presidente em vigor merece certos elogios. Ele mesmo lembrou que nos últimos três anos, por exemplo, quase metade dos governadores tem sido atualizada, foi realizada uma reforma do Ministério do Interior, etc. Nas próximas eleições parlamentares em 4 de dezembro e presidenciais em junho de 2012, Dmítri Medvedev, segundo os planos do Rússia Unida, deverá assumir o cargo de primeiro-ministro, enquanto Vladímir Pútin deverá se eleger o presidente da república .
"Portanto, se os cidadãos da Rússia votarem pelo Rússia Unida e se o partido formar o governo e se for confiado para mim encabeçar esse governo, será um governo completamente renovado", frisou Medvedev.
Ele nega que as próximas eleições presidenciais no país já estejam decididas, mas as alternativas a Putin são fracas. Os candidatas eternos —o comunista Gennadi Ziuganov e o nacionalista Vladimir Jirinovski, segundo pesquisas, receberão nada mais que 10- 15% cada.
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter