Viagem pelas neves russas

O sector turístico da Rússia está na expectativa do êxito das suas propostas para o turismo de Inverno, divulgando o mais diverso tipo de informação sobre os prazeres que o chamado fenómeno "Inverno russo" pode proporcionar aos clientes. No "cardápio" turístico figuram passeios de trenó, jogos ao ar livre arremessando bolas de neve, festas populares com rodas-vivas, canções, danças e fogos de artifício e como atributo imprescindível a fantástica sauna russa com muito vapor combinado com saída para o frio, mergulho em águas gélidas do rio ou lago e o consumo abundante de vodca com legumes salgados ou em vinagre.

Este tipo de turismo é amplamente praticado nas cidades que pertencem ao famoso "Anel de Ouro", que se estende a nordeste de Moscovo - Serguiev Possad, Vladimir, Suzdal, Rostov e a noroeste da capital, onde se situam tais cidades históricas como Veliki Novgorod e Pskov e ao norte (República da Carélia e a cidade de Veliki Ustiug). A lenda afirma que esta parte da Rússia é o "feudo" do personagem tradicional Avô do Frio (versão russa do Pai Natal). As festas do Ano Novo e do Natal (pelo calendário ortodoxo) são uma temporada de gastronomia abundante: bolos e pastéis, saladas diversas, carnes fritas, peixe de toda a variedade possível (fresco, fumado, frito), cogumelos em conserva, legumes e fruta preparados nas formas mais originais. Ao capítulo chamado "cozinha russa" junta-se o de canções e danças folclóricas. Normalmente, os estrangeiros não se fazem rogados e participam com muita vontade nestas iniciativas exóticas. A parte histórica das viagens promete excursões por museus, igrejas e catedrais, que não faltam neste roteiro. Digamos, Serguiev Possad é toda ela uma cidade- museu, tal como Suzdal.

Nesta temporada a proposta turística em voga é o safari na neve que inclui um passeio de trenó puxado por renas ou cães, ou de trenó a motor pela Sibéria, na península longínqua de Kamchatka, na parte europeia central da Rússia, nas regiões do Noroeste. A duração do passeio é vária: de umas quantas horas até vários dias. Os roteiros atravessam rios e lagos, florestas cobertas de neve e com animais do Norte, vulcões, áreas românticas de esqui de montanha, voos em helicópteros e monumentos arqueológicos. O romantismo da neve é uma tentação tanto para os turistas russos como estrangeiros: franceses, alemães, italianos, ingleses.

O preço destas viagens é em média 100 dólares por dia. Pode-se reservar hotéis ou cabanas de tipo "isba", rústicas, de madeira, mas com todas as comodidades e novas tecnologias. Cada casa tem vários quartos, lareiras, chuveiros além de sauna, assim como um bar com karaoke. "Isbas" como essas há muitas na República da Karélia (Noroeste do país) e também na Sibéria nas áreas próximas do lago Baikal.

O safari na neve na Karélia permite visitar as cataratas de Kivatch, as segundas maiores da Europa, as termas "Matsialnie Vody", ainda fundadas pelo Imperador Pedro, o Grande, campanários antigos que abrem vistas panorâmicas esplêndidas e, por fim, o famoso monumento arquitectónico em madeira na ilha de Kiji, construído sem um único prego. Na Região de Murmansk (Norte europeu da Rússia) os turistas podem passear de trenó a motor ao longo do litoral do Mar Branco e pelos lagos congelados de Imandra, Umbozero e Lovozero. Tanto para os russos como para os estrangeiros são lugares predilectos para a pesca do salmão. A península de Kamchatka, no Extremo Oriente, terra de vulcões, géiseres e fontes de água mineral, oferece aos turistas safaris em trenó a motor ou puxado por cães em combinação com o esqui de montanha, voos em helicóptero e excursões a pé.

A Sibéria, terra do xamanismo, budismo e artesanato antigo promete safaris ainda mais interessantes. A atracção principal desta região é, evidentemente, o lago Baikal, as visitas a antigos monumentos de culto, o conhecimento dos petróglifos - uma escrita através de imagens de cisnes, renas, xamãs e outras figuras - e dos costumes e tradições dos povos que habitam este território.

O snowboard e o esqui de montanha são propostos pelos centros de turismo e campismo dos Urais, da Sibéria (sobretudo nas zonas que circundam o lago Baikal e na República da Khakássia) na tentativa de aliciar aqueles turistas russos que preferem fazer férias nos Alpes ou nos Pirenéus. O líder entre os centros turísticos da Rússia é, evidentemente, Krasnaia Poliana, nos contrafortes da cordilheira do Cáucaso, em muito devido ao Presidente Vladimir Putin, que adora o esqui de montanha, ter ali a sua residência de campo. Naquela localidade há uma multidão de pequenos e grandes hotéis, lojas e centros de divertimento. Em outros tempos tinham bastante fama os centros de esqui de montanha no Cáucaso do Norte, em Dombai, nos contrafortes da cordilheira, em Tcheguet. Embora devido à guerra na Chechénia estes locais tivessem sido abandonados, actualmente já se verifica uma tendência de recuperação: estão em construção muitos hotéis privados e de apartamentos.. A propósito, o tema do ressurgimento desta região foi um dos centrais na reunião do Praesidium do Conselho de Estado, realizada em finais de Julho. Ao intervir naquela ocasião o Presidente Vladimir Putin disse: "O nosso país tem imensos recursos e reservas turísticos. Só que o nosso riquíssimo potencial histórico, cultural e natural é aproveitado em apenas 20 por cento para fins turísticos".

Os inquéritos efectuados entre os turistas estrangeiros indicam que mais de 30 por cento dos indagados acentuaram a necessidade de desenvolver as infra-estruturas de transporte - comenta o presidente da União Russa da Indústria de Turismo, Serguei Chpilko. "É digno de nota que somente 6 por cento dos inquiridos tenham centrado a sua atenção nos problemas da segurança, 8 por cento na alimentação, 7 por cento nos serviços de diversões - diz Serguei Chpilko. - Em todas estas áreas e sobretudo na de serviços de restaurante têm-se verificado mudanças substanciais. Entretanto, continua a haver sérios problemas nos transportes, impossibilitando a recepção de um maior número de turistas. Temos que desenvolver as redes de autocarros, utilizar mais aviões e helicópteros de pequeno porte para desenvolver o chamado "turismo de aventura". Além disso, as tarifas para voos internos são bastante elevadas. Nestas e outras áreas são necessários os subsídios e apoio do Estado", disse a concluir o presidente da União Russa da Indústria de Turismo.

Com efeito, só nestas condições é que será possível garantir o êxito dos produtos turísticos para a temporada de Inverno.

Olga Sobolevskaia observadora RIA "Novosti"

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