As novas estreias no Teatro Bolshoi

Especialmente para o Bolshoi, o compositor Leonid Dessiatnikov e o escritor Vladimir Sorokin criaram a ópera "Os Filhos de Rosental", uma obra de ficção sobre a clonagem de cinco compositores - Tchaikovski, Mussorgski, Mozart, Verdi e Wagner. Para o Bolshoi, partindo pelo menos dos seus antigos padrões, é o limite do vanguardismo. Dessiatnikov e Sorokin, cada um na sua área, fazem um elaborado jogo de estilos. Os dois estão bastante em voga e são bem conhecidos. Os dois tratam com grande liberdade as obras dos seus antecessores. Contudo, contrariamente a Leonid Dessiatnikov (autor de peças executadas em grandes festivais musicais), Vladimir Sorokin tem uma fama algo escandalosa.

Rejeitando o humanismo na literatura, o escritor tempera fortemente os seus livros com violência sexual, humor negro e perversões de todo o género. Sorokin tornou-se ainda mais famoso depois das acusações da organização juvenil "Caminhando juntos", cujos membros "executaram" publicamente os seus livros e intentaram contra ele uma acção judicial pela "divulgação de materiais pornográficos" (os peritos descobriram de facto excertos pornográficos na sua novela "Toucinho azul"). No entanto, a opinião pública dividiu-se - Sorokin tem muitos defensores.

Encenando a ópera com base no libreto do conhecido escritor-"pária", o Teatro Bolshoi atrai as atenções e declara a sua independência. O director musical do Bolshoi, Aleksandr Vedernikov, assina este "manifesto" com as suas próprias mãos, intervindo como regente de orquestra. A estreia dos "Filhos de Rosental" está marcada para 23 de Março de 2005. Como encenador foi convidado o conceituado realizador lituano Eimuntas Nekrosius, que na temporada passada estreou no Bolshoi a "Macbeth" de Verdi. Esta primeira experiência de Nekrosius no género de ópera - uma encenação minimalista a preto e branco - foi bem sucedida.

Em Novembro, será estreada a ópera "Lady Macbeth de Mzensk", de Dmitri Chostakovich na sua primeira versão, nunca encenada no Bolshoi. Em 1936, esta história musical sobre a mulher apaixonada de um compositor foi censurada pelo jornal "Pravda" - o principal órgão do partido na imprensa. "Cacofonia em vez da música" - escreviam sobre a ópera os "críticos de arte" do partido. Desde então, durante 26 anos, a "Lady Macbeth de Mzensk" foi exibida só no estrangeiro. Em 1962, a ópera foi reabilitada mas sob um outro nome - "Katerina Izmailova" (segundo o nome da protagonista). Chostakovich escreveu uma segunda versão, que os críticos consideraram muito melhor.

A direcção musical da estreia da "Lady Macbeth de Mzensk" pertence ao alemão Zoltan Pesko. O espectáculo será encenado por Temur Chkheidze, conhecido pelos seus trabalhos no Teatro Mariinski e no Grande Teatro Dramático de São Petersburgo. A ópera é dedicada ao próximo centenário do nascimento de Dmitri Chostakovich, que será assinalado em 2006.

A 18 de Fevereiro de 2005, o Bolshoi apresentará ao público uma comédia musical em três actos - "Falstaff" de Giuseppe Verdi. A ópera inspirada na obra de Shakespeare sobre um velhaco e galhofeiro será posta em cena na versão de Giorgio Strehler do La Scala. Com este espectáculo o Bolshoi continuará a prática de aluguer de encenações estrangeiras. Pelo "Falstaff" russo responderá Marina Bianchi, que trabalhou como assistente de Strehler.

Para além disso, em Junho de 2005, no repertório do Bolshoi surgirá a "Madame Butterfly" de Puccini, que será adaptada à cena de Moscovo pelo conceituado encenador norte-americano Bob Wilson, em conjunto com o regente italiano Stefano Ranzani.

O ministro russo da Cultura e Meios de Comunicação, Aleksandr Sokolov, colocou recentemente perante o Bolshoi a tarefa de trabalhar ao "nível de grande mestria". Como tudo indica, o teatro está a definir a estratégia e táctica adequadas.

Olga Sobolevskaia RIAN

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