Ultimamente, a sociedade começou a reabilitar aos poucos as ideias patrióticas, o que não deixa de se reflectir na arte cinematográfica.
Assim, surgem novos protagonistas - os heróis patriotas. Têm-se sucedido as telenovelas sobre os feitos dos guardas fronteiriços e oficiais da polícia especial. O jovem realizador Nikolai Lebedev produziu o filme "Estrela" dedicado à II Guerra Mundial sobre a proeza dos soldados soviéticos de uma companhia de reconhecimento. O seu colega Vladimir Khotinenko, de 52 anos, fez o filme "72 metros" sobre os marinheiros de um submarino. É de notar que o "Estrela" foi distinguido com o prémio do Estado, e o "72 metros" passou a liderar na distribuição.
Esta película apareceu nos écrans de cinema em Fevereiro, tendo a sua exibição proporcionado já lucros no valor de 2 milhões de dólares. Para os filmes russos, que nem sempre são bem distribuídos esta é uma soma recorde.
O êxito do "72 metros" deve-se à participação de actores populares da jovem geração. Contribui também o enredo trágico, que fala sobre a história da morte da tripulação de um submarino. As pausas "emocionais" são reduzidas ao mínimo. De referir ainda que o filme foi rodado com base na história homónima da autoria de Aleksandr Pokrovski, rádio-químico que tem a mesma idade que o realizador do "72 metros". O compositor é o lendário Ennio Marricone.
Convém assinalar que os autores do filme elaboraram uma "estratégia de popularização", sendo esse um fenómeno raro no cinema russo. Normalmente, os realizadores preferem não gastar muito com a publicidade.
Neste caso, a publicidade ficou a cargo do 1.º canal da TV que, aliás, contribuiu para a produção da película. Especialmente para este canal foi produzida uma versão televisiva de 3 episódios. Além disso, durante as filmagens o 1.ºcanal mostrava constantemente o "spot" publicitário do filme, entrevistava o realizador e os actores, tendo-os convidado a participar em diversos programas informativos e recreativos.
Assim, a atenção dos espectadores era cativada ainda durante as filmagens. Antes da estreia, foram publicados inúmeros materiais sobre o novo filme nos "mass média", jornais e revistas. Os "outdoors" do "72 metros" foram colocados nas ruas e avenidas de Moscovo.
Verdade seja dita, os críticos justificam tal campanha de publicidade. "Para mim, desde os tempos de jovem, a Marinha de Guerra sempre foi um símbolo das melhores qualidades e características humanas", - diz o realizador, Vladimir Khotinenko. "Desde criança, eu sonhava com um filme que falasse sobre a mar e a guerra. Se o patriotismo simboliza o amor à Pátria, a responsabilidade, a dignidade, a honra e o cumprimento do dever, então pode-se afirmar que o "72 metros" é um filme patriótico", conclui Khotinenko. "Os marinheiros possuem estas qualidades", refere.
"Esta foi a nossa resposta a Kathryn Bigelow", afirma um dos jornais russos num artigo sobre o novo filme. Nos filmes "72 metros" e "K-19" sente-se a homenagem aos feitos heróicos dos marinheiros russos, que sacrificam as suas vidas em prol da vitória. "É uma história dos homens que se viram numa situação crítica à profundidade de 72 metros", prossegui Khotinenko. Mas eles não desanimam e dão-nos um exemplo de como nos devemos comportar em situações de emergência quando o homem, apesar das provações, pode e deve conservar as melhores qualidades humanas".
A única pessoa, segundo o enredo do filme, que consegue sair ileso é o médico. "Não foi por acaso que os tripulantes lhe deram a possibilidade de se salvar. O único aparelho de respiração disponível na embarcação militar devia ser entregue a um civil. Tal é a lógica da vida", frisa o realizador. "Estou convencido de que a defesa da Pátria pressupõe e defesa de cada pessoa", conclui Vladimir Khotinenko.
Olga Sobolevskaia RIA NOVOSTI
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter