Somos rãs pedindo por um rei

Somos rãs pedindo por um rei

Acordei misturando Esopo com Bertolt Brecht.
Tudo porque fiquei pensando nos brasileiros.

No resto do mundo deve ser igual, mas como a gente vive no Brasil, se dá conta mais rapidamente da nossa pobreza intelectual. Os brasileiros odeiam a política, a mais nobre  arte do ser humano, e vivem como as rãs da fábula do Esopo, pedindo a Júpiter um rei. E aí surgem os nossos reis, de Getúlio a Bolsonaro, passando pelo Collor e o Lula, independentemente se foram maus ou bons reis. Getúlio era o "pai dos pobres" e Bolsonaro "o Mito".
Nessa altura é que entra o Brecht dizendo "infeliz a nação que precisa de heróis". 

Para o bem e para o mal as pessoas, ou pelo menos a maioria da pessoas, pediram sempre por um líder carismático que lhe apontasse a direção a seguir.
Hitler, Mussolini, Churchill, Stalin, De Gaulle  surgiram para atender esse anseio  das pessoas.

Quando vivíamos no domínio obscuro da religião, era o Papa.
A modernidade matou a crença no enviado dos céus e os homens passaram a escolher seus novos guias.

Algumas vezes, até entregaram a pessoas ponderadas e corretas o destino de suas vidas, mas na maior parte dos casos foram aventureiros sem escrúpulos que assumiram essa liderança.

No passado, algumas poucas pessoas que insistiam em pensar pelas suas cabeças, achavam engraçadas algumas dessas figuras caricatas, tipo o Papa Doc, no Haiti. 

Hoje, temos o nosso Papa Doc entronizado em Brasília.
Triste nação o Brasil que tem sentado no trono um pobre diabo que alguns chamam de Mito. 

Acho que nem Esopo, nem Brecht, pensaram no Brasil quando emitiram seus pensamentos que ficaram tão famosos, mas realmente o Brasil é tudo isso que disseram.

Somos uma pobre nação, onde a maioria se transformou em rãs que clamam por um rei.

Marino Boeira é jornalista, formado em História, pela UFRGS

 

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