TURISTAS RUSSOS TORNAM-SE MAIS EXIGENTES

A maioria dos países que vêm apostando no turismo esperam um aumento significativo de turistas provenientes da Rússia, tendo no ano passado o fluxo de turistas russos aumentado em 500 mil pessoas, comparado com o ano de 2002, e em 1,5 milhões de pessoas, em comparação com o ano de 2001.

O turismo na Rússia vive um verdadeiro boom, o que se deve à situação económica estável, ao crescimento dos rendimentos reais e das possibilidades de consumo da população e ao desenvolvimento do sector turístico, o mais dinâmico sector do país dos últimos anos.

Entre os principais destinos turísticos das agências de viagens russas lidera a Turquia, visitada no ano passado por mais de 1 milhão de turistas da Rússia. O nosso país ocupa ainda a terceira posição pelo número de turistas que visitam anualmente o Egipto. De acordo com os dados do Ministério do Turismo do Egipto, no ano de 2003 o país recebeu 586 mil turistas provenientes da Rússia e dos países da CEI, ou seja, um aumento de 30 por cento em comparação com 2002, tendo só em Janeiro-Fevereiro de 2004 visitado o Egipto mais de 145 mil turistas da Rússia, o que ultrapassa em 50 por cento os respectivos índices do período análogo de 2003.

Continuam também a atrair os viajantes russos os Emirados Árabes Unidos, Chipre, Tunísia, tendo esta última, a crer nos dados do Serviço Federal de Fronteiras da Rússia, registado em 2003 um aumento de 169 por cento.

A popularidade de todos estes países tem uma simples explicação: a inexistência de vistos para entrar nestes países, para além de política de preços flexível e vantajosa.

Claro que os actuais adeptos do turismo de praia russos diferem muito dos seus antecessores dos anos 90. Nessa altura os turistas russos eram menos exigentes, o principal era apenas a existência de mar quente, boas praias e hotéis de 3-4 estrelas de preços acessíveis. Hoje em dia as pessoas tornaram-se muito mais exigentes. Escolhem a viagem com toda a meticulosidade, como se fosse a compra de um electrodoméstico caro, procuram saber onde fica o hotel, para onde dão as janelas, qual é a cozinha do restaurante, quanto custa o diving e o aluguel do carro, etc.

Note-se ainda que a imagem negativa dos turistas vindos da Rússia, que se formou nos anos 90, vem sendo substituída por uma outra mas agradável, asemelhando-se cada vez mais aos padrões europeus do turista médio.

A Rússia regista um aumento de procura das viagens turísticas de carácter educativo à Europa Ocidental, nomeadamente, à Alemanha, França, Itália, Espanha, Áustria e Grã-Bretanha. Por exemplo, em 2003 a Alemanha foi visitada por 287 mil turistas da Rússia, (209 mil, em 2002), a França (112 mil e 87 mil, respectivamente) e a Grã-Bretanha (52 mil e 39 mil). Entre todas as viagens as mais preferidas são as viagens em autocarro. De acordo com peritos do sector, a diminuição do número de turistas europeus em Espanha, devido ao medo de atentados terroristas, pode ser facilmente recuperada por turistas vindos da Rússia, porque são mais resistentes em termos psicológicos e costumam ser os últimos a abandonar o país em situações de emergência.

Ganham também terreno entre os russos as viagens turísticas pelo mar Mediterrâneo, à volta da Europa. No últimos anos tem aumentado o número de viagens turísticas para estudantes e crianças, o turismo SPA na Alemanha, Áustria, Suíça e França, característico de pessoas com rendimentos mensais acima de 1500 dólares. Ganham força também as viagens para praticar esqui de montanha nos países europeus.

Apresentam-se igualmente muito atraentes para os turistas russos os países da Europa de Leste: República Checa, Eslováquia, Polónia, Bulgária, Croácia. Na República Checa descansaram no ano passado mais de 123,5 mil turistas vindos da Rússia, esperando os checos que este ano o seu número aumente 20 por cento, não obstante o ligeiro aumento de preços nos hotéis e restaurantes locais. O mesmo espera a Eslováquia. É de louvar a política de turismo dos países da Europa de Leste, os quais, apesar de ter introduzido o regime de vistos com a Rússia, vêm levando em consideração os interesses dos seus visitantes. Prova-o o exemplo da Polónia, que estabeleceu normas razoáveis que prevêem a entrada com os vistos de Schengen, mantendo as ligações acessíveis em autocarro com os países europeus. A Polónia não quer perder os turistas da Rússia, os quais via de regra gastam mais com o pagamento de serviços, diversões, lembranças do que os turistas dos países economicamente desenvolvidos (mais de 500 dólares por semana, sem contar com o preço da própria viagem).

Importa referir o alargamento da geografia do turismo russo no estrangeiro, tendo os turistas russos começado a descobrir para si novos resorts na Turquia (Kemer), no Egipto (Sharm el-Sheikh e Hurghada), o mesmo diz respeito a Chipre e Itália.

Ganham terreno as viagens aos países exóticos, entre os quais em primeiro lugar a China, o Vietname, a Coreia do Sul, a Malásia e a Tailândia. Aumentou o número de turistas que já visitaram as Maldivas, Seychelles, Cuba e República Dominicana. Os adeptos do turismo radical escolhem para si tais países como o Kénia, a África do Sul, Goa.

As pessoas de maiores rendimentos começaram a frequentar os famosos festivais de cinema, carnavais, campeonatos de futebol, etc. Está agora em voga viajar para ver os carnavais de Veneza e do Rio de Janeiro.

Na sua maioria os turistas da Rússia estão satisfeitos com as viagens turísticas, embora às vezes lamentem os problemas com os vistos para alguns países, por exemplo para os EUA. Basta citar só a necessidade de fornecer impressões digitais, o que, aliás, é compreensível na actual situação internacional.

Um outro inconveniente, na opinião dos russos, é o brusco aumento dos preços dos hotéis na estação alta, mas o desejo acaba por ser mais forte.

Serguei Chpilko, presidente da União de Turismo da Rússia

© RIAN

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