Despejos e desemprego na origem de elevado número de suicídios em Madrid
Na Comunidade de Madrid, ocorre um suicídio a cada 54 horas, estima a Plataforma de Afectados pela Hipoteca (PAH) num relatório. A «crise económica», o desemprego e os despejos são os grandes factores do desespero. Associações lutam contra o suicídio e pela habitação como um direito.
Aos anos da bolha imobiliária em Espanha seguiram-se os da crise, do desemprego e da incapacidade para fazer frente às hipotecas. A PAH associa ao «terror financeiro» e às execuções hipotecárias os mais de 13 300 suicídios registados entre 2008 e 2015 na Comunidade de Madrid, que representam sensivelmente pouco menos de 50% de todos os suicídios registados em todo o Estado nesse período - o da dita «crise».
Centenas de milhares de famílias enfrentam situações económicas difíceis no Estado e, de acordo com o relatório da PAH, elaborado com base em dados da Polícia, isso reflecte-se no dramatismo dos números actuais: a cada cinco horas ocorre um suicídio em Espanha (uma média de 34 por semana). Na Comunidade de Madrid, estima-se que três pessoas se matem por semana, revela o Resumen Latinoamericano.
Para a PAH, é alarmante a pobreza em que vivem muitas famílias no Estado espanhol. A este respeito, é significativo o barómetro do Centro de Investigações Sociológicas, do mês de Julho, sobre as preocupações dos cidadãos e o modo como os afectam directamente: o desemprego surge destacado como principal preocupação (39%), surgindo depois as circunstâncias económicas e a administração da Justiça.
Grande número de despejos
De acordo com dados da PAH, entre Janeiro e Abril, a Polícia Municipal de Madrid interveio até 20 vezes por dia em procedimentos de despejo - três vezes mais do que no mesmo período do ano passado.
Sobre a acção da presidente da Câmara de Madrid, Manuela Carmena, a PAH considera-a «insuficiente», na medida em que anunciou várias vezes o fim dos despejos na cidade, sem que tal se viesse a concretizar. Agora, diz que vai ser em Setembro, estando previsto o cancelamento de pelo menos 15 despejos previstos para esse mês.
A PAH sublinha ainda que «o fim dos despejos» anunciado por Carmena apenas abrange famílias em habitação social da Empresa Municipal da Habitação e Solo de Madrid. «O grosso dos despejos à força está nas execuções hipotecárias ilegais que se levam a cabo todos os dias, em silêncio», afirmam.
Contra o suicídio, pelo direito à habitação
Neste contexto, são cada vez mais as entidades que procuram proteger as famílias cujos membros, sem trabalho ou com trabalho e pobres, estão mergulhadas nesta situação. A sua função principal é informá-las dos mecanismos de defesa com que podem contar e evitar que se chegue ao extremo do suicídio.
Associações como a PAH defendem, para além disso, que a habitação é um direito, que todos têm «direito a uma habitação digna e adequada», tal como vem consagrado na legislação internacional e na própria Constituição espanhola.
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