Tem sido longo o festival de idiotices proferidas por padres, bispos, e até pelo papa.
Embora os dogmas do catolicismo digam respeito somente aos que seguem fervorosamente a religião, as últimas declarações sobre temas que vão do Holocausto ao homossexualismo ofendem pessoas, prejudicam o combate e a prevenção a doenças e reforçam atitudes de intolerância e preconceito.
Já lá atrás, o bispo inglês radicado na argentina Richard Wilson teve o desplante e a desumanidade de negar o Holocausto, à moda do desatinado presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad. O papa, após muito vacilar, deu-lhe uma discreta bronca. E olhe lá, porque a Igreja "não erra" nunca.
Em seguida, foi a vez de o arcebispo de Olinda e Recife, José Cardoso Sobrinho, ter um surto agudo de obscurantismo e, grande coisa, excomungar os médicos que fizeram aborto legal em uma menina (e não uma mulher) de apenas 9 anos. O ruim ali não foi, por óbvio, a punição religiosa, mas, sim, a exposição da garota e de sua família à curiosidade mundial.
Prosseguindo o festival de santas sandices, foi a vez do papa Bento XVI dizer, alto e bom som, que os preservativos, as camisinhas, aquilo que se põe no pênis para evitar filhos e doenças sexuais, não protege contra a Aids.
Para surpresa geral, noticia-se que monsenhor Hugo Santiago, da notória Opus Dei, também argentino, disse que o homossexualismo é doença, e pode ser "curado"!!! Não contente em dizer aquela enormidade, criticou a educação sexual nas escolas...
De qual compêndio de medicina sua santidade tirou esta pérola não se há de saber, porque nenhum a traz. A torpe declaração só reforça a homofobia que, é bom lembrar, volta e meia é motivo para o massacre de homossexuais por skinheads e outras bestas do apocalipse.
Os padres, todos eles, devem dizer, isto sim, que a pedofilia é a mais abjeta das perversões humanas, e é, ela sim, doença, porque gente mentalmente saudável não faz isso. Há pedófilos dentro da igreja tanto quanto há homossexuais e heterossexuais, em plena atividade. O resto é sofisma.
A igreja plena e misericordiosa comete crimes contra a humanidade quando desclassifica o efeito profilático dos preservativos na prevenção da Aids, das Hepatite B, D e C; do terrível HPV, o papiloma Vírus Humano. Perpetua o preconceito de gênero, quando não permite que mulheres exerçam o sacerdócio. Em nome de quê? Aliás, por conta disso, as mulheres deveriam boicotar a igreja, deixar de se casar nelas, de as frequentar. Até que sejam entendidas e tratadas como integrantes da humanidade, com plenos direitos.
É verdade que os não católicos não estão nem aí com as bobagens que os padres dizem dia sim, outro também. Mas o fato é que a propagação de posições preconceituosas, obscuras, encontra eco justamente naqueles cérebros pouco acostumados a pensar com isenção, a questionar. Justamente as cabeças onde pululam ideias racistas, xenófobas, machistas.
Essas, mesmo não católicas, sempre terão ouvidos para a misericordiosa, grandiosa e sempre absoluta Verdade desses sacerdotes cujas mentes flutuam na névoa da idade média.
Luiz Leitão
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