Autor do Manifesto Masculinista lança Sátira sobre a Esquerda

Manifesto da Esquerda Vicejante Mais Textos e Poemas – Este é o título do livro que o jornalista e poeta pernambucano Marcelo Mário de Melo vai lançar no Bar Canto da Madalena -R. Medeiros de Albuquerque 471 (rua do Sacolão da Vila Madalena) - na quarta-feira 25 de julho, às 20 horas.

Vicejar, segundo o Dicionário Aurélio, significa ter viço, ostentar-se de maneira brilhante ou exuberante, fazer brotar exuberantemente. Marcelo é autor do Manifesto Masculinista, que entre os anos 80 e 90 denunciou “o terror machista, a ditadura clitoriana e o autoritarismo gay”, pregando “a reconciliação entre o espermatozóide e o óvulo” e a “masculinidade sem machismo”.

Escrito em 1994, o Manifesto passou 11 anos na gaveta e, segundo Marcelo, “para infelicidade geral da esquerda e comodidade do autor, permanece atual”. Nove textos de humor e doze poemas “de antes e de agora” também compõem o livro, que tem nas orelhas notas do histórico militante socialista Apolônio de Carvalho, do ex-prefeito de Santos, David Capistrano Filho, e do engenheiro Cândido Pinto de Melo, ex-presidente da UEP – União dos Estudantes de Pernambuco, vítima de um atentado político em 1968. Na contracapa o escritor Luiz Fernando Veríssimo, num bilhete ao autor, diz que “o livro vai ser um estouro no bom sentido (ao contrário dos estouros ruins por esse mundo de bush-ladens) ”.

‘Temos aqui uma critica à prática política dos nossos companheiros que finda sendo devastadora, porque o humor cáustico do autor revela verdades cruéis”, diz José Paulo Cavalcanti no prefácio, também escrito em 1994 e publicado sob forma de artigo no seu livro O Mel e o Fel, lançado em 1998. De fato, no Manifesto da Esquerda Vicejante encontramos a crítica a determinados paradigmas negativos da esquerda brasileira, que ultrapassam as conjunturas como calos ou cacoetes e são denominados pelo autor de paradogmas. Composto de 37 blocos de texto, os seus verbetes são verdadeiras lancetadas, com o efeito de dedos apontando feridas expostas ou encobertas e pressionando-as, como se espremessem tumores.

O Manifesto propõe, “em lugar da esquerda autoritária, arrogante e autofágica, a esquerda auditiva, criativa e cativante.”Desenha “a caricatura atual da militância”, identificando: “partidos políticos – minha eleição, meu marketing, meus cargos; sindicatos – meu dissídio, minha data-base, minha categoria; movimento social – meu segmento; associações de moradores – meu grupo, minha rua, meu bairro; organizações não-governamentais – meu projeto, meu pobre, meu gringo. Na defesa do socialismo, o autor faz uma metáfora sexual: “liberalismo, neoliberalismo, é masturbação sem gozo; social-democracia é gozar fora e em pé; socialismo stalinista é transar sem sarro e, muitas vezes, sobre cama de caco de vidro e areia; socialismo com cidadania popular, pluralismo e controle civil é sarro, dança, gozo dentro, conjunto e muitas vezes repetido em boa cama”.

Como se estivesse olhando para o momento político atual, o texto de onze anos defende “que não se ponha a mão no fogo por ninguém” e propõe, “ em lugar da confiança cega em dirigentes e dirigidos, mecanismos eficazes de controle civil e prestação de contas de lado a lado, de cima pra baixo e, principalmente, de baixo pra cima”. Isto, sob o argumento de que “dor de cotovelo, gripe, picada de inseto, burocratismo, barata, ranço, má fé, antipatia, idiotice, autoritarismo e picaretagem não são privilégios de nenhuma corrente ideológica e atacam a todas, com possíveis variações de grau”

Os textos de humor e os poemas que se agregam ao Manifesto da Esquerda Vicejante também seguem a linha de destruição satírica do que é considerado escrescente na prática da esquerda, incitando a uma mudança de rumo. Vários deles foram escritos com o foco em realidades que envolveram o Partido dos Trabalhadores a partir do governo Lula, incluindo-se as denúncias a respeito do mensalão.

No seu novo livro, Marcelo Mário de Melo afirma que “a coisa mais séria do país é o humor nacional,” propõe que os políticos sigam a objetividade dos humoristas”, reivindica as assessorias especializadas para todas as vertentes da “esquerda psiquiátrica” e uma justa política de “administração de narcisos”. Na conclusão, apela às forças de esquerda para se “viver e conviver melhor, com mais universalidade, mais autenticidade, mais realismo, mais ousadia, mais abertura e mais luz”; defende “uma militância com poesia, prazer, amizade e humor” e “uma esquerda com raízes, caules, folhas, flores e frutos”

Além do Manifesto da Esquerda Vicejante e do Manifesto Masculinista, Marcelo tem prontos o Manifesto do PCdoBebê – Partido das Crianças e dos Bebês, dirigido aos bisnetos dos que nascerão no ano 2025, que deverão iniciar uma militância a partir dos 7 anos de idade, defendendo as reivindicações dos fetos e dos bebês e combatendo o cupulismo das classes e dos militantes dominantes; o Manifesto da Monarquia Pós-Moderna – Uma Alternativa à República Imperial, partindo do princípio de que “é proibido rei se meter em política e político se meter a rei”; o Manifesto do Ateísmo Cósmico – contra a difamação dos ateus e a mais-valia teocrática. A eles se acrescenta o texto teatral denominado Os Militontos.

O AUTOR – Atualmente com 63 anos, Marcelo Mário de Melo nasceu em Caruaru e veio para o Recife com 9. Aos 17 começou a militar no PCB. Depois do golpe de 1964 participou da fundação do PCBR – Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, teve a prisão preventiva decretada em 1969, entrou na clandestinidade e terminou passando na prisão 8 anos, 43 dias e 19 horas, de 1971 a 1979, entre a Casa de Detenção do Recife e a Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá-PE.

O humor e a poesia sempre estiveram presentes na vida e na produção intelectual de Marcelo Mario de Melo, inclusive, na prisão. Além de poemas e textos de humor, ele escreve mini-contos e histórias infantis. Na militância política, não poucas vezes, a sua atividade satírica causou insatisfação entre aqueles que, segundo ele, “confundem seriedade com sisudez”. Nos fóruns em defesa da democratização da cultura, em palestras e recitais de poesia, Marcelo sempre se identifica como” plebeu, republicano, democrata, pluralista, cidadão de esquerda, socialista e seguidor do Detran”, insistindo no slogan: “sempre à esquerda, não ultrapasse pela direita”. No Manifesto ele denuncia “os requebros da esquerda de quem vem, direita de quem vai, cujo símbolo é um camaleão com fita adesiva”; que confunde “convivência com aderência”; e para quem “ser moderno é se aproximar da direita”.

Atuando na imprensa clandestina durante a ditadura e tendo cumprido prisão por isto, Marcelo trabalhou na imprensa sindical de 1980 a 1986 e foi fundador da ECOS – Equipe de Comunicação Sindical, em Pernambuco, juntamente com o jornalista Paulo Santos de Oliveira. Ocupou diretorias em diversos órgãos de gerência cultural, tendo sido presidente das Fundações de Cultura do Recife e de Caruaru. Esteve à frente de diversas assessorias de imprensa em Pernambuco. Atualmente, chefia a Assessoria de Comunicação Social da Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ, ligada ao Ministério da Educação..

O QUE? Lançamento do livro Manifesto da Esquerda Vicejante Mais Textos e Poemas, do jornalista e poeta pernambucano Marcelo Mário de Melo

QUANDO? Quarta-feira, 25 de julho, às 20 horas

ONDE? Bar Canto da Madalena, R. Medeiros de Albuquerque 471 (rua do Sacolão da Vila Madalena)

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