Mulheres indígenas na Colômbia exigem o fim da violência sexual

Mulheres indígenas na Colômbia exigem o fim da violência sexual

 

 

Bogotá, 12 de março (Prensa Latina) As mulheres dos povos indígenas nukak da Colômbia, hoje consideradas uma das mais vulneráveis do mundo, exigiram que a violência sexual de que eram vítimas há décadas fosse interrompida.

 

Em 2018, várias decidiram tornar públicos os casos de violência sexual que sofreram no contexto e por causa do conflito armado em Guaviare (departamento sul), segundo informações divulgadas pela Comissão da Verdade, resultado do Acordo de Paz negociado em La Havana e assinado em 2016 pelo Estado e pela ex-guerrilha FARC-EP.



Naquele ano, compareceram ao Tribunal Simbólico contra o Patriarcado, realizado em Bogotá, e, acompanhadas pela Confluência de Mulheres para Ação Pública, apresentaram suas queixas a um grupo de congressistas.



Posteriormente, e tendo em vista o fato da violência sexual não ter cessado, elas decidiram sistematizar os casos e organizar seus testemunhos em um relatório que entregavam à Comissão na Casa de la Verdad, em San José del Guaviare.



O relatório contém mais de 20 testemunhos que demonstram como os corpos de Nukak foram sistematicamente violados, bem como como a desapropriação de seus corpos facilitou e levou à desapropriação dos territórios desse povo indígena, afirmou a Comissão.



Sua condição de extrema vulnerabilidade se deve, em grande parte, a fazer parte das chamadas 'cidades de contato inicial'. Nukak são nômades. Até pouco mais de 30 anos atrás, eles viviam em grupos dispersos nas regiões de selva da Colômbia, principalmente ao longo dos rios Guaviare e Inírida.



Em 1988, eles tiveram seu primeiro contato com a sociedade ocidental. Desde então, eles se agruparam em diferentes assentamentos e chegaram a centros urbanos no que pode ser considerado como 'migração de sobrevivência'.



Os territórios de Nukak estavam ocupados no âmbito de diferentes processos de colonização, eram o cenário do plantio de culturas para uso ilícito e disputavam a implantação de projetos econômicos paradoxais.



Esses planos, em nome do progresso e desenvolvimento, causaram a desapropriação, deslocamento forçado e desbotamento físico e cultural desta cidade.



A isto se acrescenta que seus territórios têm sido o teatro de ações e confrontos de atores armados, o que aprofundou sua vulnerabilidade.



rgh/mfb/jcfl

 

Foto: CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12780418

 

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