Cinema brasileiro na boa. A Bahia vai mal

Cinema brasileiro na boa. A Bahia vai mal

Uma boa notícia foi dada dias desses dizendo que os 142 filmes brasileiros lançados nos cinemas renderam o maior patamar de ingressos vendidos desde a década de 1990. O ano passado foi tido e havido como de excelência para os distribuidores e exibidores, conforme garante a Agência Nacional do Cinema. Isso sem levar em conta a alegria que foi ver quase 190 milhões de espectadores invadindo as salas em todo o país e rendendo, bruto, quase que três bilhões de reais, coisa que os criadores brasileiros e empreendedores, produtores e patrocinadores jamais tinham sido contemplados com tal resultado, nunca na história deste pois.

Jolivaldo Freitas

 

Uma outra novidade, ou realidade, é que está havendo investimentos dos exibidores em alta tecnologia. Tudo passando em digital. Bilhetes estão sendo vendidos em profusão. Temos recordes de lançamento e muito sucesso.

Acredite meu caro cinéfilo que aumentou o número de salas de exibição no país e continua crescendo, segundo a Ancine. Temos mais de 3 mil salas funcionando, o que se aproxima do recorde de quase 3.500 salas que atuavam no Brasil no auge do setor, nos anos 1970. Foi a fase áurea do filme pornô e também do pseudo-cabeça e tome Neville de Almeida, Vera Fischer, Matilde Mastrangi, Nicole Puzzi, Aldine Muller, Sandra Bréa, Walter Hugo Khoury, Davi Cardoso e tantos e outros num total mistureba.

Eles vinham na contramão do Cinema Novo de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues. Que haviam sucedido a pornochanchada, que por sua vez atropelou a chanchada de Mazzaroppi, Oscarito, Cyll Farney, Grande Otelo.

E a Bahia que deu Glauber Rocha, Aloísio de Carvalho, Roberto Pires e Geraldo Del Rey, da produtora Iglu Filmes, de Rex Schindler, da Sany Filmes de Oscar Santana; que teve seu auge no período de 1959 a 1963 durante o chamado "Ciclo Baiano de Cinema" , hoje vive à mínguas. Com inveja até de Recife. O último trabalho criativo na área, e que levou público e dividiu emoções encenado na sala do Glauber Rocha e saindo para receber aplausos mundo afora é o documentário de Chicio Kertèsz "AXÉ: Canto do povo de um lugar", mostrando que a Bahia ainda tem jeito. Que o cinema baiano, se tiver apoio, quem sabe. Mas Chico teve de ralar muito e om seu jeito mando e estoicismo chegou lá. A Universidade Federal da Bahia, quando no tempo do icônico reitor Edgard Santos teve em sua orientação, apoiar os cineastas. O governo baiano destinava verbas para pesquisas e produções baianas e produtoras e diretores baianos se destacavam. "O Pagador de Promessas", escrito por Dias Gomes e dirigido por Anselmo Duarte, com atores baianos e filmado nas escadarias da Igreja do Carmo, foi o auge de tudo em 1967., ganhando a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Depois só mesmo Glauber Rocha conseguiu sucesso mundial.

E hoje em que vimos sumir do mapa cultural o Cine Roma, que virou templo religioso, o Tupy que seguiu a mesma carreira, bem como o Politeama. O São Jorge e o Brasil que viraram estabelecimentos de venda de eletrodomésticos. O Jandaia que é uma estrela opaca, o Pax que nem sei o que é e o Art, o Liceu, o Olímpia e até o cine Bahia que hoje só serve para esperar a vinda de Jesus enquanto se obtém o dízimo. Os cineastas baianos têm que despertar. Estamos perdendo a oportunidade que o Brasil está oferecendo com a renovação de produções e público. Vamos lá minha gente. Uma câmara n a mão, uma idéia na cabeça e uma pressão em cima de quem tem a obrigação de criar um pólo de cinema na Bahia. Pernambuco, Minas, Rio Grande do Sul e Ceará estão ganhando da gente.

 

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