Os bombardeios contra o "Estado Islâmico" não o está destruindo

A luta armada dos Estados Unidos contra os grupos terroristas sunitas do "Estado Islâmico", IS (anteriormente conhecido como ISIS/ISIL) na sigla inglesa, está arriscando a converter-se numa guerra em grande escala. Em 12 de outubro o Pentágono se viu obrigado a lançar na guerra o helicóptero de ataque Apache para repelir ataques dos combatentes islâmicos no aeroporto de Bagdá.

Nicolau Bobkin

Tradução Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa

O representante dos Comandantes das Forças Armadas dos Estados Unidos, o General Martin Dempsey, frente ao comité de competência no caso, começando a mostrar-se muito preocupado disse que:- "Eles estiveram a 20-25 km do aeroporto e lá derrotaram as fileiras iraquianas. Esse foi o primeiro passo para uma tomada desse aeroporto. Nós não podemos permitir que isso aconteça porque nós precisamos desse aeroporto." Compreende-se a temática. A tomada desse aeroporto significaria o começo da luta por Bagdá, o que significaria também a instalação de um poder terrorista sobre todo o país.

Na Casa Branca continua-se a falar de como uma operação terrestre seria indesejável, mas a compreensão da pouca efetividade dos ataques aéreos continua também a aumentar. Cada vez mais fortemente ouvem-se as objeções do presidente Obama. O General Martin Dempsey expôs suas dúvidas publicamente. De quando da audição no Comité do Senado, a respeito das Forças Armadas, o General muitas vezes repetiu que as circunstâncias poderiam exigir a participação de conselheiros americanos nas operações de guerra do Iraque.

O serviço de inteligência dos Estados Unidos tinha também chegado a conclusão que "quase a metade do exército do Iraque não teria a necessária capacidade de resistência contra o Estado Islamico." Na avaliação do Ministério de Defesa dos Estados Unidos o exército iraquiano não estaria nas condições de superar discordâncias religiosas permitindo que pudessem lutar conjuntamente. Sómente 24 das 50 brigadas do governo teria capacidade de guerra. A maioria das brigadas teriam de ser ou dissolvidas ou treinadas, além de que ainda se precisava do fornecimento de muitos armamentos para elas. Para conseguir atingir o objetivo com essa guerra contra o Estado Islâmico avaliam-se agora diversas variantes para uma entrada das forças armadas dos Estados Unidos no Iraque, e possivelmente na Síria.

Desde o começo, em 9 de agôsto, os Estados Unidos e seus aliados já fizeram 350 ataques aéreos no Iraque e na Síria. Desses 100 foram na Síria e 250 no Iraque. Como alvo os americanos deram prioridade aos tanques, transportes blindados e outros meios de transporte. Não há dados quanto as baixas e perdas do Estado Islâmico, mas provavelmente essas não seriam muito significantes. Por ex., em que nível as forças do Estado Islâmico poderiam falar quanto a 21 postos de controle ou dos 50 lugares onde dizia-se que os terroristas estavam se escondendo? Os "bombardeios específicos não estão funcionando" disse numa entrevista a CNN o senador John McCain, de quando avaliando a situação como crítica: "Eles estão ganhando e não nós... McCain tem razão: a efetividade dos ataques aéreos em específicos setores está sendo pouca e a perspectiva quanto aos ataques aéreos conduzidos pelos Estados Unidos e seus aliados desafia a um militar cepticismo.

Apesar dos massivos ataques aéreos feitos pela coalisão, abaixo da direção dos Estados Unidos, os combatentes do Estado Islâmico tem aumentado o número de áreas abaixo de seu controle, tanto no Iraque como na Síria. Os terroristas sitiaram Koban (na denominação árabe Aim el-Arabia). Essa específica luta já forçou mais do que 100.000 pessoas, a maioria de nacionalidade curda, a se refugiar na vizinha Turquia. Agora Koban está completamente cercada pelos combatentes do Estado Islâmico, com a excessão de alguns corredores de entrada e saída da cidade. Centenas de pessoas, na sua maioria pessoas mais idosas, encontram-se agora no centro da cidade e ainda mais 10-13.000 pessoas estão se concentrando nas vizinhanças. [Assim, a guerra é contra a Síria, independentemente do que se a chame.]

 

No caso da cidade cair nas mãos desses insensatos "combatentes jihadistas" muito em breve o que estaria a espera dos cidadãos pacíficos lá seria a morte. Um tal desenrolar dos acontecimentos anuncia uma imensa catástrofe . O substituto secretário geral da ONU para questões humanitárias, Valério Amos, convocou internacionalmente a uma imediata ajuda aos sírios. Caso não dermos esse passo agora essa será ainda mais uma tragédia para os sírios, assim como mais uma mancha vergonhosa na consciência da humanidade, ele disse. Agora, o que fazem os Estados Unidos então?

 

O Secretário de Estado dos Estados Unidos John Kerry reconhece estar preocupado com a tragédia de Koban e já na Conferência em Cairo para reconstrução em Gaza desajeitado falava a respeito da falta de tempo para que se possa conseguir ajustamentos bem proporcionados nas atividades da coalisão na luta contra o IS.

A questão que eles não levantam é a do destino dos cidadãos da Síria. A diplomacia americana só se ocupa com o apoio a ser dado a Turquia, quanto ao seu plano para invadir e ocupar a Síria.

O auxiliar do presidente dos Estados Unidos para a questão da luta ao terrorismo em conversa com o chefe do serviço de inteligência da Turquia partiu do princípio de que a Turquia deveria tanto quanto possível juntar-se a campanha contra o Estado Islâmico, IS, e começar por atacar justamente na Síria. Anteriormente o chefe substituto dos serviços de informação midiática do Departamento do Estado dos Estados Unidos já tinha informado que a Turquia estava pronta para juntar-se a guerra contra o Estado Islâmico.

Em Âncara espera-se a chegada de grupos dos serviços especiais americanos para planejamento mais detalhado. Agora, baseados em que tipo de lógica os americanos esforçam-se para resolver os problemas de segurança internos da Síria através de colocá-los nas mãos da Turquia?

A Turquia tem o maior exército da região e ela faz parte da OTAN. A entrada do exército turco no território da Síria sem algum mandato internacional, ou seja do Conselho de Segurança da ONU, significaria uma invasão armada, e a Turquia nesse caso seria o agressor. Erdogan não retira especificamente essa possibilidade do jogo enquanto também não mostra nenhuma pressa em entrar na coalisão americana. Ir a guerra no território da Síria ou do Iraque não se coloca. Depois tem-se aqui também que a Turquia já recebeu claras advertências dos iranianos de que se os soldados turcos entrassem no território sírio Irã estaria preparado para responder a essa atividade de guerra.

O Irã segue atentamente o desenvolver dos acontecimentos. O Substituto Ministro dos Negócios Exteriores do Irã, Hassein Abdularian, disse que para o Irã não seria admissível admitir a derrubada do governo de Bashar Al Assad e a perda da Síria. O Ministério dos Negócios Exteriores do Irã continua a relatar-se a estratégia americana de luta contra IS com muita cautela. Apresentando-se em Teerã, numa conferência dedicada a luta contra o Estado Islâmico (IS), o ministro Hassein Abdularian advertiu que se fosse anunciado qualquer tipo de zona aérea interdita feita pelos Estados Unidos, ou seus aliados, ou se esses mesmos avançassem com subdivisões militares no território sírio, isso iria acarretar graves consequências.

Nesse cenário mostra-se compreensível a perplexidade levantada pela tentativa da Alemanha de convencer a Turquia e o Irã a lutar contra o Estado Islâmico. No caso de Teerã Berlim gostaria de ver uma ação de força conjunta, mas no caso de Âncara os alemães já convocavam para uma atividade de guerra de força total, como apresentado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Frank-Valter Steinmeier.

A guerra contra o Estado Islâmico essa é uma continuação da velha política do ocidente em relação a Síria. Mesmo no caso de Washington poder diminuir o perigo vindo da parte do Estado Islâmico a um mínimo, o discurso contra a Síria continuaria e Obama não renunciaria ao seu objetivo de derrubar o governo da Síria. Até aqui os americanos tem feito um serviço cosmético tentando repintar de diversas cores os grupos extremistas na Síria e remodelá-los como "oposição moderada".

Palavras Chaves: USA, Irã, Iraque, Turquia, Síria, Oriente Médio, Al Qaeda.

REFERÊNCIAS E NOTAS:

Nikolau Bobkin, Os bombardeios contra o Estado Islâmico não o está destruindo - Уколы бомбардировками «Исламское государство» не уничтожат - www.fondsk.ru 14 de outubro de 2014.

Copyright em russo e português www.fondsk.ru .

Atualização 2014-10-18 vindo do material de World Socialist Web Site, "Obama meets anti-ISIS 'coalition´amid rising US-Turkish tensions" por Bill Van Auken, de 15 de outubro de 2014.

 

Em Resumo: de acordo com Obama essa será uma longa campanha militar. Há muitos desentendimentos entre a administração de Obama e a Turquia. A base militar no sul da Turquia, Incirlik Air Base com cerca de 5 000 pessoas entre militares e pessoal de serviço, seria usada para bombardeios contra a Síria e o Iraque. Entretanto, em menos que 24 horas a Turquia desmentiu o dito pela conselheira de segurança USA, Susan Rice. Como acima dito, a Turquia mantinha-se indefinida, mas tem-se aqui também que nos últimos três anos ela, em cooperação com a CIA, entre muitas outras coisas, vem dando refúgio e armas aos combatentes na Síria.

 

Os contraditórios interesses da já acima denominada coalisão estão aguçados. Erdogan exige uma zona aérea interditada acima da Síria como condição para entrar na luta. Tanto na Síria como no Iraque são as áreas curdas que estão no centro da questão. Para a Turquia o objetivo aqui seria enfraquecer as áreas curdas tanto na Síria como no Iraque. Depois a derrubada de Assad. Washington quer realizar primeiro a destruição do Estado Islâmico no Iraque, com a aceitação de Assad, mesmo enquanto ao mesmo tempo acerta que o regime de Assad não seria "legítimo".

 

Erdogan agora parece ter ordenado ataques aéreos contra PKK, e não contra o Estado Islâmico. PKK conjuntamente com milícias curdas na Síria e no Iraque, foram as únicas forças que no campo de batalha efetivamente desafiaram o Estado Islâmico (IS) que por sua vez no Iraque operaram em coordenação táctica com os conselheiros militares dos Estados Unidos, apesar de estarem oficialmente na lista de organizações terroristas do Departamento de Estado dos Estados Unidos...

 

Para a Turquia a questão curda e a questão das fronteiras do Oriente Médio parecem ser as preocupações centrais. Quanto aos Estados Unidos esses parecem não ter feito avanços significativos quanto ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria, mas certamente que terão feito enormes avanços quanto a aumentar as tensões que poderão engolfar toda a região numa catástrofe única.

 

Para mais detalhes favor ver o original do resumo em www.wsws designado acima. Resumo Anna Malm.

 

Com agradecimentos a www.fondsk.ru

*Anna Malm - www.artigospoliticos.wordpress www.facebook.com/anna.malm.1238

 

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