Estratégia de combate a gripe “A” prevê vacinação de grupos de risco

Estratégia de combate a gripe “A” prevê vacinação de grupos de risco
O Brasil tem uma grande experiência acumulada e mais de 30 anos do Programa Nacional de Imunizações. Todos se lembram, por exemplo, do Dia Nacional de Vacinação contra a poliomielite, que acontece todo ano. Em 2008 fizemos uma operação e vacinamos quase 70 milhões contra rubéola.


Temos uma experiência muito grande de levar a vacina para a Região Amazônica, por exemplo, com apoio da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. E com apoio de organizações não governamentais. As próprias Secretarias Municipais de Saúde já tem experiência e toda uma estratégia para que ninguém deixe de tomar a vacina da maneira como ela está planejada.


Entre os grupos que o Brasil vai vacinar, o primeiro é o de trabalhadores da área da saúde. Isso é muito importante para evitar que os médicos e enfermeiros que atendem a população adoeçam e não possam trabalhar.


O segundo é o das gestantes, esteja no primeiro, segundo ou terceiro trimestre da gravidez.
Em terceiro, a população indígena. Porque esse grupo tem uma fragilidade estrutural em relação as viroses respiratórias.
Em quarto, as pessoas com doenças crônicas. Pode ser doenças respiratórias ou cardiopatas. Pessoas imunodeprimidas que estão em tratamento, ou que fizeram transplante renal. E doenças metabólicas, como diabetes. Todos serão vacinados.


E mais dois grupos que a maioria dos países não estavam vacinando, mas que o Brasil vai vacinar: crianças saudáveis de seis meses à dois anos, e adultos saudáveis de 20 a 29 anos. Isso porque nestas duas faixas etárias se concentraram grande parte dos casos graves e dos óbitos em 2009.


É importante chamar atenção que nenhum país do mundo está propondo vacinar toda a população. A China tem 1 bilhão e 400 milhões de habitantes e estive lá em dezembro conversando com o ministro da saúde, e eles estão tentando vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Ora, nesse ritmo, eles levariam tanto tempo pra vacinar toda a população que o problema da doença já teria desaparecido. A única doença que até hoje a saúde pública mundial tentou vacinar toda a população do planeta foi contra a varíola e isso demorou mais de seis anos. Essa definitivamente não é uma estratégia de vacinação universal. Tem que ter foco, visando principalmente proteger os profissionais de saúde pra que o sistema não sofra nenhum tipo de interrupção e em segundo lugar, os grupos mais vulneráveis, frágeis e aqueles onde a incidência e a mortalidade for mais importante.


Novo vírus não se comporta como imaginado no início da epidemia
O mundo sempre se deparou com problemas importantes no campo das doenças infectocontagiosas. Tivemos a gripe espanhola, no início do século XX, que matou milhões de pessoas em todo mundo. Foi o vírus influenza o causador dessa doença. Depois ele desapareceu. Então veio a gripe asiática no início dos anos 50. Os vírus influenza têm essa capacidade mutagênica muito grande, e, na realidade, a ciência ainda não consegue explicar exatamente esse mecanismo pelo qual eles surgem, refluem, retornam. Esse novo vírus, por exemplo, é uma mutação do vírus influenza. Tem geneticamente material de ave, de porco e de gente, de ser humano, o que lhe deu características novas. Ele conseguiu se disseminar rapidamente pelo mundo inteiro.


Mas o que se imaginava no início, quando a doença surgiu em abril passado, que seria um novo vírus da gripe espanhola e causaria milhões de óbitos, não aconteceu. O comportamento desse novo vírus está muito brando em relação ao que se imaginava. Ele tem uma taxa de letalidade, inclusive, menor do que o vírus da gripe comum. Só que com características diferentes. Enquanto o vírus da gripe comum afeta mais as pessoas de mais idade causando complicações como pneumonia, esse pode causar casos graves em pessoas jovens. O da gripe comum reduz as resistências do organismo para que uma bactéria, por exemplo, desenvolva uma infecção. Esse não. Em pessoas jovens, raro, mas pode acontecer de desenvolver casos graves. O cenário está muito aquém de visões apocalípticas que se desenharam no ano passado.

De que maneira a população pode contribuir?
As contribuição mais importante da população para o combate à gripe A são:
- Observar os hábitos de higiene, porque eles têm um impacto muito grande na redução da infecção. Lavar sempre as mãos é fundamental.
- Não compartilhar objetos de uso pessoal e proteger o nariz e boca ao espirrar ou tossir.
- Colaborar com as autoridades nas etapas da vacinação.


Apoio dos meios de comunicação é muito valioso
Não há nenhum motivo pra que se crie um clima de paranóia. Na Europa está acontecendo exatamente o contrário. O impacto dessa doença é tão pequeno no contexto das sociedades européias que está sobrando vacina. Acho muito negativo que se crie esse clima, que no ano passado era compreensível, porque era uma doença nova, desconhecida, não se tinha nenhuma arma objetiva contra ela a não ser um medicamento específico. Agora mudou tudo. Temos uma vacina.


Quero chamar a atenção que com essa estratégia o governo pretende vacinar 30% da população brasileira. Quando vacinamos esse percentual, reduzimos a circulação do vírus, e a probabilidade de que a transmissão se dê no mesmo nível. Estamos fazendo o que os epidemiologistas chamam de proteção de grupo.


O apoio da imprensa em geral, jornal, TV, rádio, orientando a população, e quebrando esse clima que se criou no ano passado, é muito valioso.


O áudio da entrevista está disponível no site da Secretaria de Imprensa da Presidência. www.imprensa.planalto.gov.br

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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