Lisboa e Moscovo pretendem aprofundar relações bilaterais

Portugal manifestou interesse em adquirir aviões russos de combate a incêndios. No dia 18 de Outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Freitas do Amaral, chegou a Rússia para discutir com os representantes do nosso governo os problemas actuais dos nossos dois países.

As relações políticas entre Portugal e a Rússia atravessam um período favorável, mas os chefes da diplomacia dos dois países querem alargar a cooperação bilateral a novos campos, nomeadamente ao campo militar e ao combate aos incêndios.

Após conversações com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, Freitas do Amaral anunciou que Portugal poderá adquirir "um, dois ou trés aviões russos de combate aos incêndios", sublinhando que os aparelhos russos estão "entre os melhores do género produzidos no mundo". Lavrov precisou que se trata do "avião anfíbio BE-200", fabricado por uma das grandes empresas russas de aeronáutica: Beriev.

Segundo dados de peritos russos, o avião pesado BE-200 pode realizar diferentes operações e abastecer-se com a água do mar. Já utilizado em países como a Itália e o Canadá, cada aparelho custa cerca de 30 milhões de euros, ou seja, tem um preço semelhante ao último modelo do Canadair, o MP-415.

Porém, o BE-200 atinge uma velocidade de 700 km/h, ou seja é duas vezes mais veloz do que o Canadair e transporta nos seus tanques 12 mil litros de água, o dobro do seu análogo estrangeiro.

Durante o encontro realizado em Moscovo, Lavrov e Freitas do Amaral anunciaram que os dois países irão também desenvolver a cooperação técnico-militar. "Temos problemas muito concretos que preocupam ambas as partes: a luta contra o terrorismo, o tráfico de drogas, de armas, nomeadamente de armas de destruição massiva, bem como contra o tráfico de pessoas", declarou o chefe da diplomacia portuguesa.

A fim de permitir o incentivo de relações económicas, culturais, científicas e turísticas, Lavrov e Freitas do Amaral afirmaram que está a ser estudada a hipótese de ser facilitada a obtenção de vistos. "Vai haver uma enorme simplificação de modo a facilitar a ida de russos a Portugal e de portugueses à Rússia e vamos manter em funcionamento a linha aérea directa entre Lisboa e Moscovo, neste momento garantida por uma empresa privada, mas, dentro em breve, deverá ser assinado um acordo sobre uma ligação aérea regular entre as duas capitais", afirmou Freitas do Amaral.

No encontro, o ministro português pediu o apoio da Rússia para a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2011-2012 e garantiu o apoio de Lisboa à candidatura russa para a "vaga aberta" no Tribunal Internacional de Haia.

Lavrov e Freitas do Amaral anunciaram igualmente que a visita de Mikhail Fradkov, primeiro-ministro russo, a Portugal se realizará a 9 e 10 de Novembro. Então, poderá ser abordada a possibilidade de assinatura de acordos no ámbito do turismo e da troca de informações fiscais.

Depois da parte oficial da visita, o ministro português esteve no Instituto de Relações Internacionais de Moscovo, onde deu uma aula para os alunos que se interessam pela política externa. Numa sala cheia, Freitas do Amaral reconheceu que era a primeira vez que visitava a Rússia, sublinhando: "Mais vale tarde do que nunca."

O chefe da diplomacia lusa detectou dez semelhanças na história de Portugal e da Rússia, entre as quais destacou serem "dois países habituados a grandes impérios; dois países que viveram sob ditaduras, mas realizaram revoluções democráticas".

Ao abordar a situação na Rússia, Freitas do Amaral declarou: "Vemos com bons olhos a evolução económica, política e social que a Rússia tem tomado nos últimos anos, mas vós, russos, é que deveis decidir, escolher o caminho."

Julia RASNITSOVA PRAVDA.Ru

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