Um dos dirigentes do departamento militar da Indonésia, o general Sudrajat Hakim, anunciou que até ao fim deste ano o seu país se propõe comprar à Rússia oito caças SU-30MK, tendo estimado este contrato em 250 milhões de dólares.
Deste modo, graças a este contrato, o Complexo Industrial-Militar de Aeronáutica "Sukhoi" que vende os seus aviões militares à China, Índia, Vietname, e Malásia, torna-se o maior fornecedor da aviação militar para os países da Ásia Sudeste.
Um pouco antes da abertura do salão "Indo Defense - 2004", a empresa aeronáutica russa promoveu a apresentação da quinta etapa do programa relacionado com os aviões civis, mais conhecido no Exterior como Russian Regional Jet (RRJ). O director-geral do Complexo Industrial-Militar, Mikhail Pogossian, anunciou à RIA "Novosti" que o Conselho Técnico da companhia, integrado ainda por representantes da Boeing e da Snecma, tomou a decisão de lançar o programa RRJ em toda a dimensão.
Isto significa que se têm dado por concluídos todos os trabalhos de projecto e desenvolvimento relacionados com a preparação do anteprojecto, com a configuração volumétrica do aparelho, com a escolha dos fornecedores de materiais e equipamentos, com a encomenda de primeiras 50 aeronaves, com o início da sua certificação por padrões russos e europeus. Foi igualmente aprovado o plano da manutenção técnica pós-venda das aeronaves, da preparação técnica do pessoal, da engenharia completa de serviço. Aliás, o avião está pronto para ser submetido à projecção executiva e a sua montagem será lançada em duas fábricas da "Sukhoi" nas cidades de Komsomolsk-no-Amur (Região do Primorie) e Novossibirsk Sibéria Ocidental).
As primeiras estruturas devem aparecer nas linhas de montagem já no primeiro trimestre do ano de 2005 e no terceiro trimestre de 2006 deve realizar-se o primeiro voo de ensaio, referiu Mikhail Pogossian.
"A decisão aprovada pelo Conselho Técnico - manifestou o director-geral da "Sukhoi" - é um factor determinante para o nosso programa, porque é justamente agora é que começamos a construir aviões a ensaiar. Estou seguro de que este programa tem todo o potencial indispensável para assinalar um êxito no sector aeronáutico da Rússia sendo essa a primeira vez que o fabricante oferece um produto que corresponde na totalidade aos requisitos do mercado mundial. E possui um elevado potencial como produto de exportação. Este circunstância proporciona à Rússia uma possibilidade extraordinária para passar a ocupar posições firmes no mercado mundial de aeronaves civis".
O avião dimensionado para 95 passageiros e que pertence à família RRJ a ser montado nas empresas de Komsomolsk-no-Amur e Novossibirsk, é com efeito único no seu género. Para poder afirmá-lo basta citar um alto rendimento dos motores e equipamentos a bordo, a sua autonomia de voo que alcança 3050-4485 km, o elevado conforto para os passageiros que foi apresentado numa réplica de tamanho natural exibida no Salão Aeronáutico Internacional em Farnborough, perto de Londres. Esta aeronave reúne o que há de melhor hoje na aviação mundial.
A parte aviónica está a cargo da firma "Thales", o motor e barquinha do motor a cargo da "Snecma" e Conjunto Industrial-Militar "Saturn", os sistemas de controlo remoto a cargo da "Liebherr" e da empresa russa "Voskhod", os sistema de ar acondicionado também da "Liebherr", o trem de aterragem a cargo da firma "Messier Dowty", o sistema de alimentação do combustível a cargo da "Intertechnique", os equipamentos eléctricos a cargo da "Hamilton Sundstrend", o interior da cabina a cargo da "B/E Aerospace", o grupo propulsor auxiliar a cargo da "Honeywell" e da fábrica "Saliut", as poltronas para os tripulantes a cargo da "Ipeco", e assim por diante.
Este leque de firmas e unidades de produção não é nada casual. Os dirigentes do Complexo Industrial-Militar "Sukhoi" buscaram perseverantemente o apoio técnico e sócios seguros e de confiança entre as companhias bem reputadas no ramo aeronáutico que pudessem assegurar o êxito do programa de aviões civis - isto é, a saída aos mercados mundiais. É que dentro da categoria de aviões de médio percurso à qual pertence o RRJ, a "Sukhoi" tem muitos rivais como, por exemplo, o avião russo TU-334, a aeronave russo-ucraniana AN-148, a brasileira Embraer, o Bombardier canadiano e até o modelo chinês ERJ...
Dos aviões supracitados nem todos voam, nem todos passaram provas de certificação, nem todos contam com as subvenções do Estado que, a propósito e para a sua felicidade, obteve o projecto de aviões civis da "Sukhoi". Porém, a concorrência é concorrência. Pode-se superar o rival unicamente graças a altos parâmetros operacionais e de manobra do aparelho, ao consumo económico do combustível, ao conforto para os passageiros, assim como graças ao apoio e ajuda de produtores e clientes do material aeronáutico. Portanto, na empresa "Sukhoi" consideraram e continuam a considerar que o mais importante é conseguir o interesse comercial dum modelo de avião. E pelo que parece a "Sukhoi" conseguiu este interesse.
Nos planos da expansão de RRJ aos mercados internacionais apareceu há pouco uma intriga interessante. O Governo brasileiro propõe à Rússia que participa com o seu caça multifuncional SU-35 no concurso brasileiro para o fornecimento às Forças Armadas do Brasil deste novíssimo avião de combate, uma transacção de troca dos "Sukhoi" pelos aviões de passageiros "Embraer" para a "Aeroflot - Linhas Aéreas" russa. Não uma proposta bem vantajosa e conveniente para o Complexo Industrial-Militar frusso que nada tem contra a participação das empresas da "Embraer" na montagem de suas caças, porém prefere que a parte brasileira pague não com aeronaves civis, mas pelo menos com café e carne.
O programa do avião russo de percurso regional estima-se em 600 milhões de dólares e as expectativas de sua comercialização em mais de 10 mil milhões de dólares. A necessidade do mercado internacional em aparelhos de pequeno porte, relativamente baratos, maximamente confortáveis e fiáveis na exploração estima-se por peritos em aproximadamente 5.500 aviões para os próximos 20 anos. Só para os próximos anos, a partir de 2007 quando o RRJ será lançado na produção industrial, a necessidade dos países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) calcula-se em 300 aparelhos e mais de 400 para os países da Europa, América do Norte e da Ásia Sudeste. A empresa "Sukhoi" espera ganhar com a exportação destes engenhos praticamente tanto quanto ganha agora exportando os seus aviões de combate. E isto significa mais de 1,5 mil milhões de dólares por ano. Conforme Mikhail Pogossian, a "Sukhoi" já investiu no desenvolvimento deste projecto 70 milhões de dólares esperando nos próximos tempos não só reaver estas despesas, mas começar a obter benefícios.
Foi firmado o contrato para 50 aviões para a companhia aérea "Sibir", preparadas ofertas comerciais para as companhias "UTAir" e "Pulkovskie Avialinii", assim como existem acordos verbais - afirmam fontes da empresa - para vender os RRJ à "Air France", "Iberia" e outras companhias aéreas. Os executivos da "Sukhoi" falam também da possibilidade de convidar para o projecto de RRJ a companhia aérea indiana HAL, actualmente responsável pela montagem dos caças multifuncionais SU-30MKI sob a licença da "Sukhoi". Isto, como consideram na empresa industrial-militar, irá contribuir para a ampliação do espaço comercial para aviões civis e superar dificuldades na luta concorrencial que se desenvolve no mercado aeronáutico mundial.
Desconhece-se se os indianos estão dispostos ou não para aceitar esta proposta. No entanto, existe a informação que confirma o interesse da HAL neste trabalho. Não se sabe ao certo se o Governo da Índia dará o seu apoio ao projecto. Todavia, como soube a RIA "Novosti", durante a sua visita próxima a Deli o Presidente Vladimir Putin quer adiantar esta proposta à liderança indiana.
Não se pode descartar a possibilidade de que nos próximos anos a produção de aviões civis da "Sukhoi" possa ter um êxito comercial igual ao que tiveram os famosos caças desta companhia russa com elevado renome.
Viktor Litovkin observador militar RIA "Novosti"
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