Os resultados não oficialmente divulgados mas já conhecidos nos quatro cantos da Terra indicam, para alguns, o pior pesadelo para um país que tenta afirmar-se na ressaca da União Soviética. De facto, há duas Ucrânias.
Mas será assim um pesadelo tão grande? A essência da União Soviética, de outrora, e da Federação Russa de hoje, é uma sociedade pluralista baseada num conceito de multi-etnicidade. Sendo assim, se a Ucrânia só tem dois grupos, ou seja, dois povos eslavos, a viverem lado a lado, onde estão as chamas que poderiam provocar uma implosão?
Primeiro, e é bom que esta mensagem seja dispersa, ninguém nos média internacionais falou até agora a verdade, que é nomeadamente que 95% da população da Ucrânia, sejam residentes quer na parte oriental, quer ocidental, se identificam com a classe política que quer polarizar o país entre os que ganharam e os que perderam.
O grande negócio da parte oriental, industrial, pró-Moscovo, Ortodoxa/Russa, se confronta com o pequeno negócio na parte ocidental, agricultural, Católico/Ortodoxa Ucraniana, anti-orientação pró-Moscovo. Por isso, os negociantes, sejam grandes ou pequenos que decidam a questão e que deixem a população em paz.
O Ocidente também. Paira no ar a noção que os média estão à procura do próximo desastre, duma explosão de violência, uma guerra civil, qualquer coisa que valha o circo mediático e o resultante frenesim de movimentação de pessoas, bens e capitais, beneficiando sempre os que controlam a movimentação destes.
Não é a guerra civil que a maioria das pessoas na Ucrânia quer. Querem que as instituições se assentem e que o país progrida. De igual modo que as vacas alimentadas com proteínas ficam malucas, a Europa oriental bombardeada com valores da Europa ocidental também anda com uma dose de indigestão política e seria bom que as causas, e não as sintomas, fossem abordadas.
Deixem a Ucrânia resolver os seus problemas.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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