Novos Equipamentos Espaciais são a base dp planeamento estratégico da Cosmonáutica Russa

O estatuto da Rússia como líder na área espacial é determinado não só pelo número de voos espaciais realizados, mas também pela possibilidade de planeamento da actividade deste sector a longo prazo, o que por sua vez é impossível sem a elaboração de equipamentos cada vez mais novos.

Sendo assim, a Rússia começou os testes de modelos de portadores e naves espaciais. Estes novos equipamentos são a espinha dorsal do programa espacial da Rússia para as próximas décadas.

Trata-se em primeiro lugar do foguetão-portador "Soyuz-2-Russ", fabricado pelo Centro de Engenharia Espacial de Samara (Centro "Progress"), cujo primeiro voo poderá vir a ser realizado já a 29 de Outubro, e da nave espacial pilotada de uso múltiplo "Kliper", que faz parte do Programa Espacial Federal do país para 2005-2015.

Até há pouco, praticamente todos os lançamentos de aparelhos espaciais eram efectuados por meio de portadores de classe média "Soyuz". Há quase 60 anos este foguetão colocou em órbita o primeiro satélite artificial da Terra e há 53 anos a primeira nave espacial "Vostok", com Yuri Gagarin a bordo.

Desde então, foram efectuadas oito modernizações do foguetão, mas como declarou no início de Setembro passado o vice-projectista-geral do "Progress", Valeri Kapitonov, "ainda há 15 anos chegámos à conclusão de que o foguetão "Soyuz" precisa de ser novamente modernizado de acordo com as exigências da época".

Em resultado foi fabricado um foguetão completamente novo, embora muito parecido em termos de aspecto exterior com o anterior modelo.

Cresceu em 700 kg a capacidade de carga, ou seja, as possibilidades energéticas. Os primeiros foguetões são capazes de transportar para órbita 11 toneladas de carga útil. Num futuro não muito distante, quando o terceiro segmento for dotado de propulsores da empresa de Voronej, a capacidade de carga irá ser aumentada em mais uma tonelada e meia.

Além de melhores características, o novo modelo difere dos anteriores no que se refere ao equipamento, que é todo ele de fabrico nacional.

As grandes possibilidades energéticas farão com que a Rússia poderá levar a efeito um dos mais grandiosos projectos comerciais no mercado mundial de lançamentos espaciais - o lançamento do portador a partir da base espacial da Agência Espacial Europeia (AEE) em Couru (Guiné Equatorial). O respectivo entendimento foi alcançado em Maio do ao passado no Conselho de países-participantes da AEE a nível de ministros. O valor total do projecto é avaliado em 344 milhões de euros.

Ao participar no projecto "Soyuz -Couru", a Rússia poderá preencher uma lacuna no mercado mundial de lançamentos espaciais. Actualmente a Europa não tem um foguetão de classe média semelhante ao "Soyuz". Para a Rússia, devido à proximidade da base espacial de Couru do equador, estes lançamentos permitirão triplicar a capacidade dos portadores, ou seja, colocar em órbita geoestacionária não apenas 1,5 toneladas de carga útil, como se verifica nos casos dos lançamentos a partir do cosmódromo de Baikonur, mas 4 toneladas.

No dizer de Valeri Kapitonov, o aumento das possibilidades energéticas é apenas uma das características melhoradas do "Soyuz-2". É muito importante o facto de agora o portador estar munido de sistemas de comando digital, o que aumenta a precisão da colocação de aparelhos espaciais no ponto desejado da órbita estacionária, do que depende o destino de toda a carga útil, isto é, do satélite.

Este sistema de comando torna possível montar na cabeça do foguetão uma carenagem frontal de dimensões maiores em comparação com os actuais, tendo o comprimento do mesmo sido aumentado de 7,7 metros para 11,4 metros e o diâmetro de 3,7 para 4,1 metros. Isto significa que poderá ser aumentado o peso da carga útil. Note-se que actualmente a colocação em órbita de 1 kg de carga útil custa cerca de 30 000 dólares.

O novo portador implica uma equipa menos numerosa de controlo do lançamento. Por exemplo, se hoje é necessária uma equipa de 70 pessoas na etapa de preparativos, o "Soyuz-2" exigirá apenas 15-20 pessoas.

O parceiro do "Progress", o Centro Aeroespacial Lavotchkin, elaborou para o "Soyuz-2" o bloco de aceleração "Fregat", que torna possível colocar aparelhos espaciais em órbitas diferentes e lançar os mesmos para diversos planetas do sistema solar. No dizer do porta-voz oficial da Agência Espacial da Rússia, Viatcheslav Davidenko, no lançamento de 29 de Outubro serão testados os sistemas de comando, tanto na etapa de preparação como na etapa de voo. Na qualidade de carga útil será usada um maqueta de ferro dimensionada, que será colocada em órbita não fechada e irá descendo em trajectória balística, pousando numa zona do Pacífico. O "Soiuz-2" será usado precisamente para colocar em órbita a perspectiva nave espacial de carga pilotada de uso múltiplo "Kliper". Segundo disse o vice-presidente da Agência Espacial Russa, Nikolai Moisseev, a construção desta nave levará pelo menos 5 anos.

O peso da "Kliper" atingirá cerca de 14,5 toneladas. Poderá trabalhar um ano inteiro acoplada à Estação Espacial Internacional (EEI) ou permanecer em voo autónomo durante 15 dias, e descer da órbita 25 vezes.

A nova nave combina em si as vantagens da nave pilotada "Soyuz" com as vantagens do vaivém russo "Buran". A "Kliper" será mais segura, confortável leve em comparação com a nave "Soyuz" e será capaz de manobrar na órbita, levando a bordo 6 pessoas e 700 kg de carga, face às 3 pessoa e 300 kg de carga que leva a "Soyuz". E ainda por cima é muito versátil, podendo ser usada tanto para a rotação e eventual evacuação de tripulações de estações espaciais como elemento integrante durante voos interplanetários.

Resumindo, pode-se dizer que pelo menos dentro das próximas duas décadas esta nave não terá análogos no mundo.

Andrei Kisliakov © RIAN

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