Rússia e América: Juntas para o espaço profundo?

A situação mudou depois da discussão sobre o "espaço distante" entre o director da Agência Espacial da Rússia, Anatoli Perminov, e o dirigente da NASA, Sean O'Keefe, no início de Outubro, no 55º Congresso Aeronáutico Internacional em Vancouver. O dirigente da Agência Espacial da Rússia propôs um plano geral de acção na área das pesquisas interplanetárias que assente na base técnico-material já existente na Rússia.

Na opinião de Perminov, os preparativos de um voo pilotado a Marte devem começar paralelamente à continuação da exploração da Lua, o que exigirá um grande número de voos experimentais em regime automático e pilotado. "O programa lunar está a ser elaborado na Rússia ainda desde os tempos soviéticos, desde os anos 50 do século passado, - destacou Perminov, - e posso afirmar com toda a responsabilidade que por enquanto nenhum país no mundo tem tais projectos de que dispõe a Rússia".

Os dirigentes dos programas espaciais russo e americano concordaram que "nenhum país conseguirá isoladamente aplicar tal programa de envergadura". Por enquanto não há planos de trabalhos conjuntos, mas há a compreensão comum de que é necessário pensar em conjunto nestes planos.

Quanto aos voos pilotados prolongados, a Rússia acumulou uma considerável experiência de acompanhamento médico-fisiológico trabalhando nas estações "Mir" e EEI. As questões técnicas, em particular a criação de um complexo pilotado interplanetário para voos a Marte, têm sido resolvidas na Rússia ainda desde os anos 60.

Já é evidente que a montagem e o lançamento de tal complexo devem ser efectuados em órbita circunterrestre. Para tal serão necessárias uma plataforma orbital de montagem e um sistema eficaz de transporte e apoio técnico. Pode-se falar com alto grau de probabilidade que estes planos são viáveis. Assim, o projecto de programa espacial da Rússia para 2006-2015 prevê elaborar uma plataforma orbital de base que combine as vantagens de complexo pilotado e aparelho espacial automático e destinada à afinação e teste dos blocos de naves interplanetárias e sistemas de transporte de nova geração para transportar cargas para a Terra e outros planetas.

Por enquanto, no quadro da preparação de expedições interplanetárias, é possível transportar cargas para órbita circunterrestre com a ajuda do complexo universal russo "Stend-Start", elaborado para o sistema de transporte de uso múltiplo "Energuia-Buran", testado com sucesso na URSS a 15 de Maio de 1987.

Neste contexto, em meados de Outubro, a Rússia propôs à NATO participar no programa "Kosmoport" que prevê a possibilidade de lançamento de foguetões superpesados a partir deste complexo. O "Kosmoport" poderia dar segunda vida a este complexo, isentando os participantes na futura coligação internacional de grandes investimentos na criação de infra-estruturas terrestres. "Elas já existem, sendo necessário apenas adaptá-las aos novos projectos", - declarou a esse respeito o representante oficial da Agência Espacial da Rússia, Viatcheslav Davidenko.

O conceito russo-americano geral de desenvolvimento das investigações espaciais permitirá aos dois países coordenar também os programas nacionais, o que levará a uma redução substancial das despesas orçamentais.

Andrei Kisliakov

Andrei Kisliakov é observador político na RIA Novosti. © RIAN

, observador político da RIA "Novosti"

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