Quem é Alu Alkhanov?

Alu Alkhanov é hoje oficialmente empossado como presidente da Chechénia. As eleições presidenciais foram antecipadas devido ao assassínio a 9 de Maio passado do ex-presidente da república, Akhmad Kadyrov, em resultado de um atentado terrorista. Tomando em consideração este facto, em Grozny foram reforçadas as medidas de segurança em todas as estruturas-chave, enquanto o próprio local da cerimónia oficial é mantido em sigilo. A situação na Chechénia continua tensa e, embora Alu Alkhanov tivesse reunido 73 por cento dos votos, isto não quer dizer que o sucesso lhe esteja garantido. Trata-se precisamente do caso quando não vale a pena de invejar uma pessoa no poder. O novo presidente terá que caminhar na sua terra natal por um campo minado, tanto em termos figurais como reais. O ex-chefe do Ministério do Interior sabe-o perfeitamente.

Alkhanov não tem muitas semelhanças com o seu antecessor, um líder étnico prestigiado, que na altura da primeira campanha chechena combatera contra as forças federais, mas depois passou para o lado de Moscovo. Akhmad Kadyrov era para os chechenos uma autoridade religiosa reconhecida, que resistiu abnegadamente à penetração do wahabismo na Chechénia. O Kremlin apostou em Kadyrov e não se enganou, pois foi precisamente durante o seu governo que o fardo principal de luta contra os separatistas caiu sobre os ombros dos chechenos.

Cabe notar que Kadyrov, apoiado pelo Kremlin, não era popular entre a população da Rússia, nem entre muitos chechenos, sem já falar do Ocidente. O Kremlin foi movido por interesses pragmáticos, pois era óbvio que ele era indispensável numa certa etapa de regularização da situação na Chechénia, mas muitos não lhe perdoavam a militância nas fileiras dos separatistas. Os chechenos que não são do clã de Kadyrov, estavam descontentes porque os homens de Kadyrov ocupavam todos os postos-chave na república. No que se refere ao Ocidente, Kadyrov irritava-o como líder duro e não-democrático.

O novo presidente tem um perfil diferente, com seus pontos fortes e fracos. Antes de tudo, ele não tem o prestígio comparável ao de Kadyrov, o que é mau na Chechénia. O nome Kadyrov era de grande peso no mundo checheno, o que não se pode dizer sobre Alkhanov. Talvez por isso mesmo, nos dia da tragédia em Beslan, Alkahnov, tal como várias outras personalidades russas muito mais conhecidas, preferiu não intervir. Mas muita coisa depende do próprio Alkhanov, incluindo o prestígio.

Verdade seja dita que Alkhanov é capaz de fazer muito mais do que Kadyrov. Ainda durante a campanha eleitoral Alkhanov atreveu-se a colocar a tarefa de unir a Chechénia, dilacerada por contradições de clãs, tribais e étnicas, problema simplesmente ignorado por todos os outros candidatos à presidência. Pela primeira vez falou das tarefas prementes como a luta contra o crime, a recuperação da economia arruinada, a alteração do modo de vida tradicional, que em muito impede a Chechénia de estar a par da realidade moderna. Alkhanov possui todas as hipóteses de se tornar o primeiro líder checheno não tribal, capaz de dar pelo menos o primeiro passo para tirar a Chechénia dos problemas do passado. Se souber fazê-lo todos os outros problemas irão desaparecer por si mesmos.

Piotr Romanov observador político RIA "Novosti"

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