PUTIN REALIZOU GRANDES MUDANÇAS NA CÚPULA MILITAR DO PAÍS

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, general Anatoli Kvachnin, que ocupava este cargo desde 1997, foi exonerado, tendo para este posto sido nomeado, como era previsto, o primeiro vice-chefe do Estado-Maior General, general Yuri Baluevski, no seu posto também desde 1997, embora seja difícil qualificá-lo como sucessor.

Ao contrário de Anatoli Kvachnin, ambicioso e com a sua particular opinião sobre a reforma das Forças Armadas, nem sempre adequada à realidade, Yuri Baluevski nunca tornou públicos semelhantes pontos de vista e quando o fez sempre os acordou com a liderança. O general sabe lidar bem tanto com os seus superiores como com os seus subordinados, é diplomático e perspicaz. Não foi por acaso que foi várias vezes nomeado pelo Kremlin como principal negociador com os EUA, NATO, UE e outras organizações e países quando se tratava das mais importantes questões geopolíticas e estratégicas, começando pela redução dos armamentos ofensivos e terminando na luta conjunta contra o terrorismo. Ao que parece o Kremlin espera que na sua nova qualidade Yuri Baluevski venha a ser um transmissor ideal das ideias e indicações do Presidente da Rússia referentes à continuação das reformas do Exército e da Marinha de Guerra.

No mesmo dia em que exonerou Anatoli Kvachnin e nomeou Yuri Baluevski, o Presidente da Rússia nomeou ainda para o posto de vice-ministro da Defesa o ex-comandante das Tropas da Região Militar do Cáucaso do Norte, coronel-general Aleksandr Beloussov.

A última nomeação é uma autêntica surpresa para os peritos militares porque até agora não era costume promover alguém logo para o posto de primeiro vice-ministro, já que existe toda uma série de cargos a percorrer para chegar a este posto. No entanto este passo de Vladimir Putin tem a sua lógica.

Aleksandr Beloussov não é um novato. Ele possui uma importante experiência de participação em operações militares no Cáucaso do Norte. No seu novo posto, o coronel-general ficará responsável precisamente pela preparação das tropas e por outras áreas de grande importância para o Exército e Marinha de Guerra. A sua experiência na realização de operações antiterroristas ir-lhe-á por isso ser muito útil no cumprimento das suas novas funções. A preparação de tropas é, segundo provam os acontecimentos dos últimos tempos, a pedra angular do aumento da combatividade das Forças Armadas russas.

Talvez tenha sido por isso que para o posto de primeiro vice-ministro da Defesa não foram nomeados, como o previam os meios de comunicação social, o chefe da Direcção-Geral de Quadros e Ensino Militar, general Nikolai Pankov, o comandante da Região Militar de Leninegrado, Valentin Bobrychev. Este último, embora bem conhecido de Vladimir Putin, não foi aprovado devido à idade, pois está na faixa dos 60, idade de reforma para qualquer general, para além de não ter experiência de participação em operações militares, nunca tendo estado na Chechénia.

Ao que parece serão igualmente alteradas as funções do vice-ministro para a preparação militar. O mesmo será feito relativamente às funções do chefe do Estado-Maior. De acordo com a nova redacção da Lei da Defesa Nacional, aprovada no mês passado pela Duma de Estado e Conselho da Federação, o Estado-Maior General continuará a ser o órgão de direcção operacional das Forças Armadas, mas ir-se-á concentrar na orientação principal - a elaboração de planos estratégicos e táctico-operacionais das Forças Armadas, no planeamento nuclear e desenvolvimento das forças estratégicas de dissuasão. As suas funções irão sem dúvida envolver ainda o serviço de reconhecimento militar, preparação de reservistas, o recrutamento e algumas outras.

Mas as mudanças e reformas das Forças Armadas não acabam aqui. As mudanças irão ainda abranger os comandos gerais do Exército, da Marinha de Guerra, da Força Aérea e a Defesa Antiaérea, que irão perder, supõe-se, uma parte das suas funções de direcção, em particular nas questões relacionadas com o planeamento estratégico-operacional, que será atribuído ao Estado-Maior General, e passarão a ficar responsáveis pela preparação militar dos comandantes e das tropas.

As mudanças irão ser efectuadas tanto no âmbito da reforma administrativa em curso, como no âmbito da reorganização das Forças Armadas da Federação Russa, cujas tarefas actuais foram delineadas ano passado pelo ministro da Defesa, Serguei Ivanov, no seu relatório, conhecido como o "Livro Branco da Defesa".

As FA vêm-se concentrando nas suas novas funções, procurando ser mais rentável, mais forte, mais móvel e exacto na aplicação do seu potencial, lutando não contra um inimigo efémero, mas contra um inimigo concreto, bem palpável - o terrorismo internacional, a proliferação de armamentos de extermínio em massa e seus vectores, o radicalismo étnico e religioso, o tráfico de drogas e o crime organizado, sem abandonar as tarefas de dissuasão estratégica de eventuais ameaças. As FA aprendem a combater na composição de forças internacionais de coligação.

Para tornar tudo isso realidade são precisas não só novas perspectivas em relação aos problemas de manutenção da segurança e capacidade defensiva do país, mas ainda novas pessoas capazes de materializar estas ideias na prática.

Viktor Litovkin observador militar RIA "Novosti"

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