COMUNISTAS RENOVADORES PROCURAM TORNAR-SE SOCIAL-DEMOCRATAS

Até ao momento presente conhecem-se três métodos para substituir os líderes comunistas na Rússia. Via de regra a substituição é feita por motivos físicos: o líder ocupava o seu posto até à morte, só então se escolhia outro. Mesmo doentes, não cederam o seu posto Brejnev, Andropov e Tchernenko, sem já falar de Lénine e Estaline. Mas houve uma vez em que a substituição de líderes se efectuou em resultado de um golpe "palaciano" - o caso de Kruschev. Em Agosto de 1991 depois do malogrado "putch" de 1991, Mikhail Gorbatchev demitiu-se do posto de Secretário-Geral, desiludido com o partido.

Há pouco em Moscovo tiveram lugar simultaneamente duas sessões plenárias do Comité Central do Partido Comunista da Federação Russa, a dos "renovadores" e a dos "ortodoxos". O plenário de "renovadores", que contou com a participação de 96 dos 158 seus membros, demitiu Ziuganov, tendo nomeado até à realização do próximo Congresso do Partido, Vladimir Tikhonov, actual governador da região de Ivanovo. O plenário dos "ortodoxos" por sua vez manteve Ziuganov no seu posto, mas excluiu os rebeldes das fileiras dos "comunistas genuínos". O tempo dirá qual dos dois plenários será considerado "legítimo".

É de sublinhar que a cisão já foi tão longe e o desejo de liderar o eleitorado de esquerda na Rússia é tão forte que não se pode excluir a formação de partidos "gémeos". Se isto acontecer, é pouco provável que os gémeos sejam parecidos. Por trás da demissão de Ziuganov esconde-se a intenção de renovar a fachada do partido, ou seja, de se libertar do líder falhado e comprometido aos olhos dos militantes pelas suas ligações financeiras com os oligarcas e de renovar a base ideológica do partido, aproximando-o da social-democracia europeia.

Se isso vier a acontecer, os "renovadores" têm todAs as chances de se afirmar, pois as ideias da igualdade social continuam a ser muito fortes na Rússia. Para além disso, as futuras reformas liberais (necessárias, mas sem dúvida impopulares) irão ampliar a base social dos sociais-democratas, visto que os comunistas falharam como defensores dos interesses do povo, enquanto a social-democracia pode ainda ter futuro na Rússia.

Piotr Romanov RIA "Novosti"

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