Sanções dos EUA: Intelectual russo banido da Amazon

Sanções dos EUA: Intelectual russo banido da Amazon

Finda a mais recente cimeira dos países G7 em La Malbaie, no Canadá, com o anúncio de novas sanções contra a Rússia que foram prontamente aplaudidas pelo Reino Unido e pelo Canadá, a verdade é que a Rússia e alguns dos seus cidadãos e intelectuais tidos como mais próximos do Kremlin ainda se debatem com as sanções já em vigor, o caso mais recente é o de Aleksandr Dugin que viu as suas obras retiradas da Amazon no passado dia 8 nde Junho.

Flávio Gonçalves, Pravda.ru

Aleksandr Dugin é um dos autores russos mais prolíferos e polémicos, detentor de um longo percurso político e académico que o levou desde colaborar na redacção do programa de refundação do PCUS até ao actual papel de ideólogo do Rússia Unida. Ou seja, de Gennady Zyuganov, dirigente comunista que já visitou Portugal e que convidou o PCP a participar no 19º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em São Petersburgo de 2 e a 3 de Novembro de 2017, até Vladimir Putin, do qual será conselheiro sombra, Dugin, goste-se ou não, tornou-se numa figura incontornável da política russa.

Os Estados Unidos incluíram Aleksandr Dugin na sua lista de sanções a 11 de Março de 2015, estipulando que este seria despojado de quaisquer propriedades que detivesse no território dos Estados Unidos da América, os bens em quaisquer contas bancárias seriam congelados e todos os cidadãos e empresas estadunidenses passaram a estar proibidas de lhe prestar quaisquer serviços ou efectuar quaisquer negócios com o autor, bem como com muitos outros cidadãos russos considerados como próximos do Kremlin.

Entretanto desde essa data que Dugin viu muitas das suas obras traduzidas e publicadas no Reino Unido, na Alemanha, em Espanha, em Itália, na Roménia, em França e inclusivamente em Portugal e no Brasil, onde obtiveram uma discreta popularidade junto dos meios académicos e militares. Sucede que no passado dia 8 de Junho os editores de Aleksandr Dugin foram notificados pela Amazon de que os livros do autor tinham sido retirados de todas as suas plataformas (Amazon, Kindle e CreateSpace).

O aviso recebido pelos editores indicava o seguinte:

"Vimos por este meio informar que removemos os seguintes títulos que estavam à venda na Amazon: (lista de obras) ... A Amazon tem por política estar em conformidade com as sanções e o controlo de exportações por parte do governo. Quando analisamos a sua conta, identificamos que o autor da lista de títulos supramencionada é um indivíduo com o qual actualmente não podemos deter quaisquer laços comerciais. Assim sendo, já não podemos disponibilizar estes títulos para venda."

 

O mais curioso é que a lista não se limitou a retirar de venda só todas as obras publicadas por editores europeus (note-se que as sanções da União Europeia à Rússia não incluem o autor, sendo meramente económicas e institucionais), a Amazon baniu também os números de quaisquer publicações académicas (revistas ou antologias) que incluam quaisquer textos da autoria de Aleksandr Dugin! Esta exclusão aplica-se apenas às vendas na Amazon.com e aos livros impressos via CreateSpace (utilizado por muitos editores europeus para minimizar o stock) e Kindle (com bloqueio geográfico). 

A Amazon é actualmente a maior livraria virtual a nível mundial, já detém portais e instalações no Reino Unido, em Itália, Alemanha, França e Espanha, estando prestes a chegar ao mercado português, onde já registou inclusivamente algumas marcas junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (a Summerian e a Happy Belly) e o domínio Amazon.pt, estando ainda por confirmar se as suas instalações se irão sedear a Sul ou a Norte do país ou ainda se manterá as operações logísticas em território espanhol, onde já possui um armazém.

 

Flávio Gonçalves, Pravda.ru

 

Foto © HispanTV

 

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