"Só quem tem fé em si é capaz de ser fiel aos outros..."
(Erich Fromar)
Para Monteiro Lobato
Nenhum projeto pedagógico é confiável, se no seu contexto - mesmo de interdisciplinaridade - não pensar a inclusão do estatuto da Biblioteca como suporte assistencial-humanista no próprio processo ensino-aprendizagem.
Sem Biblioteca não há Educação que se preze. Mestres e Alunos trocam relações-lições. Passa por aí a visão da reciprocidade, a didática salutar, o básico conteúdo importantíssimo, claro, e como instrumentalização direta e imediata, a indispensável Biblioteca enquanto ótimo acervo-sustentação de um objetivo, um propósito, um estágio seqüencial evolutivo, até como retaguarda epistemológica, inclusiva e fundamental também a partir disso. Professor que não utiliza livros (assim mesmo no plural) desconfie. Leituras e releituras como um todo são importantes. Professor que despreza esse espaço-opção não é bom professor.
Livro é tão hábil-útil quanto pode ser o giz, um apagador, a lousa, a informática, a história em quadrinhos, o teatro, a banda de rap: livro é tudo. Professor que não facilita a biblioteca (e seu acervo) aos alunos, é, de certa forma, um profissional com precariedade inerente, um professor limitado. E cego de alguma forma, portanto. Se o pior ignorante é o cidadão que sabendo ler não lê, o que dizer de um educador que sabe pensar e não pensa; que deveria criar e não cria, que deve preescrutar horizontes e não saca o óbvio que está na cara?
O que dizer de um educador que não planifica uma utilização prático-racional a partir de seu cunho pessoal num projeto aula-biblioteca, no seu curso letivo de aulas, com reviçadas técnicas, letramentos e mesmo enquanto laboratório/oficina de produções, sensibilizações cognitivas, lúdicas e outras pensagens? A biblioteca é a alma de um espaço de saber, de ciência e da produção dela, de produção de conhecimentos e de levantamento de dados importantes. A biblioteca é tudo isso e muito mais. E não é só caminho suave, linguagem, português, aulas vivas, habilidades, letras e literatura que faz o bom uso da biblioteca. Todas as matérias da grade curricular devem necessariamente passar por ela, precioso espaço enquanto habitat primordial de estudos, enquanto palco de encantações para abrir corações e mentes, cursos e coragens, inclusões literárias, bases lítero-culturais, letramentos de tantas aventuras possíveis; de bagagens e mesmo o diáfano reino da fantasia tão cativante em suas maviosas inclinações criativas por abstração e curiosidade.
O melhor amigo do aluno - enquanto ser humano e alma cidadã fora do circuito sócio familiar - é o pedagogo. E o melhor amigo dessa relação de troca, de soma e de busca consubstancial, é o livro enquanto chave-mestra de tantos encantários, um mosaico de ninhais e aprendizados, inclusive no aspecto sócio-comunitário e ainda mais no meio empírico-científico. Já pensou? Ler é adorável. Escrever é resultante matriz de primeira. Um livro é uma ferramenta espetacular nesse extraordinário contexto docente-discente todo.
Como brincar de ler, como ler para brincar de aprender e sonhar refinamentos íntimos, abstrair com riqueza de imaginação, moldar a sensibilidade, a ternura e a emoção, repaginando idéias a partir daí, pela capa atrativa, pela história especular, pela sonoridade e leveza do texto, pelo final feliz de uma viagem nesse compasso imagético livro a dentro, um sururu de aleluias de palavras, parágrafos, pontos, metáforas, eufemismos, travessões, acentos, maravilhosos achados poéticos e acidentes de percursos gramaticais diferentes que assim seja.
Se quem lê vale ouro, imagine o autor criando o inexistente, fabricando idéias, pondo minhocas elétricas na cabeça dos sensíveis alunos procurando rumos novos, pescando horizontes variados, sacando caixinhas de surpresa além do skate, descobrindo mundos além do webpage, palavras novas além do blogue, construções e reforços de estima num feedback muito bem avaliado? Imaginem então o Mestre pondo livros na cabeça dos alunos: Essa é a idéia. É bem por aí mesmo. Professor, mostre a língua. Livro é vida. Um livro é um tesouro. Quem didaticamente aprende junto com a escola cíclica a ter livros e livros como suporte na sala de aula, a partir do trabalho escolar feito em casa, vê a vida diferente, pensa o mito muito além da lenda, numa estimativa além de 360 graus. É a metáfora da viagem. É a matemática do folclore.
É a história da feição humana. É a geografia do aparato cênico. É a ciência na produção de conhecimentos, iluminismos e iluminuras. É a linguagem táctil que brota em chão fértil, é a arte que fecunda evoluções futuras, revisitanças imedististas, exemplos salutares, descobertas como incentivos, referenciais como fábulas em visões que partem do micro espaço pueril para abranger altos céus e testemunhos de grandezas precoces. Biblioteca é dez! A biblioteca vale ouro nessa relação contextual.
Ler & escrever é referencial de ser e de humanização continuada, reforço e estrutura construidora, pois um bom livro estimula, equilibra, dá um dínamo na capacidade do aluno, faculta novos desafios e acena viagens interiores de sonhos e prazeiranças. Que o colega professor dê livros de reforço; cobre resumos de histórias lidas em grupo e em alto e bom tom; faça a prova dos noves em criatividades vernaculares, em toda matéria enseje leituras, redações críticas, produções de textos, estudos reflexivos, sempre a partir de um livro, de preferência um bom livro para cada idade e em seu tempo serial.
Uma boa história de sucesso na educação enquanto estimulo para a categoria em resultantes sociais, passa pelo menos pela dinamização do uso inteligente da biblioteca. Alunos são livros também. Vamos abrir essas páginas de rosto?
Já dizia o poeta "Bendito o que semeia/Livros a mão cheia". É por aí. Use e abuse da biblioteca.
Faça dela a sua melhor amiga. Sem biblioteca não há educação que preste. Livros, revistas, gibis, jornais, imagens e palavras, desenhos, pôsteres e enfeitações. Tudo a ler. Tudo a ser? Seja esse bendito Anchieta no limiar do século trinta, abrindo leques de opões em elencos clássico de literatura para abrir sensibilidades desses alunos-livros. Afinal, se dizem que cada alma é um livro aberto, vamos fazer a "Teoria da Biblioteca na Educação" ser cem por cento positiva, dinâmica e funcional. Era uma vez uma idéia.
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Poeta Prof. Silas Corrêa Leite - Estância Boêmia de Itararé-SP
E-mail: [email protected]
Prêmio Lígia Fagundes Para Professor Escritor, CRE-Centro de Referência em Educação Mário Covas - relator da ONG Transparência nas Políticas Públicas
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário e Escritor Premiado
Autor de Porta-Lapsos, Poemas, 2005
Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
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