Russofobia

A credibilidade da revista The Economist faz com que o seu artigo leader “Vlad the Impaler”, que compara o Presidente russo a Vlad Tepes, aliás Drácula, seja quanto mais chocante, sendo ainda mais uma demonstração da Russofobia da média ocidental.

O título da peça na revista “The Economist” desta semana desenha imagens dum castelo na Transilvânia, com cabeças espetadas em paus enquanto o Vlad jantava, num mundo surrealista e fantástica que só existe na imaginação. Ainda mais surrealista e absurda é o leader do Economist, com frases como “Todos sabem que, na Rússia de Senhor Putin, o acto de apanhar peixes tão grandes nada tem a ver com práticas nefastas nos negócios, e ainda menos com justiça, e tudo a ver com a política e o controlo do Kremlin”.

A reacção do ocidente na ocasião da detenção de Khodorkovsky quase se ouvia em Moscovo. Contudo, o que tem a ver o ocidente com Khodorkovsky? E por que razão a média ocidental tem de publicar histórias ofensivas e caluniosas contra as políticas do Kremlin?

The Economist não conseguiu identificar as três questões principais, tal foi a vontade de atacar a Rússia de Putin, sendo a primeira questão a maneira em que Khodorkovsky ganhou controlo da YUKOS e maneira em que as acções foram distribuídas. A segunda questão é o facto do governo de Vladimir Putin devolver a Rússia às autoridades após uma década de demência sob a Presidência de Boris Eltsin. A terceira questão é o facto de Moscovo querer controlar a gestão dos recursos do país e não deixar que estes caiam sob o domínio dos Estados Unidos da América – Exxon Mobil e Chevron Texaco estavam a preparar-se para comprar um tranche importante da YUKOS.

É isso que o ocidente não gosta. Sob o caos dos anos de Eltsin, os impérios financeiros, industriais e de imobiliária conseguiram ganhar vastas propriedades na Rússia. Agora que o Kremlin insiste na letra da lei, não há espaço para tais actos especulativos e agora que a Rússia está a ser devolvida aos russos, os piratas financeiros estrangeiros estão a ouvir os primeiros sinais de alarme. São estas as verdadeiras questões atrás da detenção de Khodorkovsky.

Contudo, a média ocidental não se interessa por questões sérias. A única vez que se encontra uma história sobre a Rússia na média ocidental é quando houve um acidente numa mina (seguido por uma semana de histórias sobre o péssimo estado das minas na Federação Russa quando de facto muitas são seguras e muitas outras têm excelentes padrões de segurança), ou quando um avião cai (seguido por uma semana de histórias sobre quão perigoso é a aviação russa, quando de facto as estatísticas não mentem: é mais seguro viajar num avião russo do que num avião dos EUA), ou quando um helicóptero cai na Chechénia (seguido por crónicas falando da falta de capacidade das Forças Armadas Russas, quando de facto o Reino Unido nunca conseguiu derrotar o IRA nem os EUA subjugaram ainda o Afeganistão, para não falar do pesadelo que começou no Iraque).

O que o ocidente queria, fazendo eco dos desejos dos seus mestres políticos, é um retorno aos anos de Eltsin, com um presidente russo que era o bobo da comunidade internacional, com os seus actos ridículos em público sob os efeitos da bebedeira, e uma laia facilmente corrompida a controlar os bens do país, laia esta que venderia sua própria avó para o preço certo.

Com Vladimir Putin, isso não vai acontecer. O Kremlin tem tudo o direito de proteger os interesses da Rússia e preservar seus recursos para o povo russo. Foi esta a promessa de Vladimir Putin quando foi eleito e como sempre, honrando sua palavra, é precisamente isso que ele está a fazer.

O facto que a economia da Rússia está a crescer, que o nível de vida aumenta, que a Rússia doa cada vez mais a organizações humanitárias e perdoa cada vez mais dívidas, que os mercados financeiros da Rússia estão firmes e que a Rússia oferece excelentes condições de investimento passa ao lado do Economist e outras publicações que se intitulam de “imprensa séria”.

Após o artigo leader do Time Magazine acerca de prostitutas numa pequena cidade no interior de Portugal, o Economist fala de Drácula. Imprensa séria, credibilidade...qual quê?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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