Rússia não constitui ameaça para ninguém

O relatório emitido recentemente pelo Ministro de Defesa da Federação Russa, Sergei Ivanov, não constitui uma doutrina militar nova porque nunca foi discutida pelo Conselho Nacional de Segurança e nunca foi assinado pelo Presidente Putin. A realçar, o facto que o conceito estratégico da OTAN assinado em Washington em 1999 visa provisões quase idênticas.

A diferença é que os objetivos de combate mencionados no relatório de Ivanov não ultrapassam as fronteiras da Rússia ou dos seus aliados, enquanto o relatório da OTAN engloba o mundo inteiro, indo muito além do Atlântico Norte.

No entanto, o relatório de Ivanov lança uma mensagem séria a Bruxelas? Envia, sim. Primeiro, porque a liderança da Rússia quer parcerias com a OTAN que vai ao encontro com o espírito político entre a Federação Russa e os países-membros desta organização e do Conselho Rússia-OTAN. Segundo porque deixa uma mensagem clara à OTAN para que sejam retirados todos os componentes hostis à Rússia no processo de planeamento da OTAN e nas declarações políticas dos seus membros.

Os peritos militares russos conhecem muito bem a tendência anti-Russia do planeamento da OTAN, por exemplo, os 150 bombas-planadores V-61 norte-americanos estacionados em Itália, Bélgica, Noruega e Turquia. Todos os generais russos sabem os objetivos destas bombas. Em contrapartida, as armas nucleares russas não estão colocadas com elementos de combate.

Simultaneamente, não se deve esquecer que o relatório da Ivanov contempla o uso das Forças Armadas da Rússia ao longo do eixo estratégico ocidental, com operações de combate específicas, por exemplo aéro-espaciais, navais e em terra de longo alcance antes de actividade por elementos avançados no terreno. No relatório também se descreve operações conjuntas de grande rapidez por elementos conhecidos pela sua capacidade de manobra, que terão como alvos instalações e formações militares, alvos económicos e infra-estruturas.

Andrei Kokoshkin, antigo primeiro vice-ministro de Defesa da Rússia, agora membro da DUMA e Presidente do Instituto de Problemas de Segurança Internacionais da Academia de Ciências da Rússia, opina que há ainda generais que visualizam as categorias da Guerra Fria, embora uma troca militar em grande escala com a OTAN e os EUA não é encarada como provável. No entanto, as trocas comerciais com os países membros da OTAN nem sempre são encaradas como sendo aceitáveis à Rússia e consequentemente, a Rússia tem de estar pronta para resistir pressões militares e se for preciso, repelir ataques armados.

Num mundo em que certos países ou coligações violam flagrantemente a lei internacional na luta contra o terrorismo ou contra a proliferação de armas de destruição em massa, a ameaça dum conflito em escala grande serve mais como aviso do que ameaça.

Por isso no relatório de Ivanov, a necessidade de fazer uma melhoria geral na capacidade das Forças Armadas, revendo os princípios militares convencionais e nucleares, se a OTAN insistir em manter sua doutrina ofensiva.

Kokoshkin afirma que tal atitude não é ameaça, mas aviso sim, especialmente num mundo em que se pode falar mutuamente com franqueza sem entrar em histerismo.

Coronel Viktor LITOVKIN Analista militar da RIA Novosti © RIAN

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