RUSSOS E AMERICANOS VIAJARÃO JUNTOS PARA MARTE?

Especialistas russos não duvidam que isso pode realmente acontecer. O custo de um projeto marciano russo é estimado em 10 bilhões de dólares.

Nos Estados Unidos, uma comissão especial formada pela Casa Branca iniciou seu trabalho. Ela deve informar o presidente George W. Bush por volta de fevereiro de 2004 sobre como os norte-americanos devem preparar vôos tripulados para outros planetas nos próximos 20 ou 30 anos.

Planos russos razoavelmente concretos para vôos interplanetários apareceram em maio de 1962, quando o "Programa Lunar" soviético foi lançado. Desde então os cientistas, usando materiais coletados durante os longos vôos a bordo das estações orbitais Salyut e Mir, elaboraram vários programas inteiramente novos de vôos interplanetários.

De todos os planetas do sistema solar, Marte atraiu os maiores interesses dos cientistas de ambos países e de todo o mundo. A superfície de Marte é coberta com uma grossa camada de gelo, que não impede a presença de formas de vida, pelo menos elementares.

Cientistas que trabalham na Antártida conseguiram reviver microorganismos que passaram cerca de 2800 anos debaixo de uma camada de 19 metros de gelo no lago Vida. Se bactérias são capazes de sobreviver em condições tão extremas, então há esperanças de que organismos vivos possam existir em outras partes do sistema solar. E se é possível revelar traços de vida em outros planetas, então a teoria moderna da origem extraterrestre da vida na Terra pode receber um poderoso impulso para pesquisas posteriores.

No entanto, os projetos marcianos nacionais na Rússia e nos EUA chocam-se com obstáculos definidos, que podem ser facilmente superados se os esforços das duas principais potências espaciais são combinados.

Por estranho que possa parecer, o principal obstáculo do programa estadounidense para um vôo a Marte é a Estação Espacial Internacional (EEI), que requer grandes esforços organizacionais e financeiros. Hoje, graças às naves russas Soyuz e Progress, foi possível estabilizar o programa EEI. A estação continua a operar em regime tripulado, o único que lhe é possível, embora muitos céticos nos EUA e na Rússia tenham previsto seu abandono temporário depois do acidente da Columbia. No entanto, há ainda um longo caminho para que a EEI volte ao trabalho normal, e os EUA terão que se concentrar também neste programa, no futuro.

Mas nem tudo está bem em termos técnicos com a missão para Marte dos EUA. Um dos principais problemas confrontados em vôos interplanetários é a escolha de um sistema de propulsão para as naves espaciais. Usar motores de foguete existentes é o mesmo que desenvolver o Velho Oeste com carroças, como admitiu o administrador da NASA, Sean O'Keefe.

No entanto, o motor elétrico-nuclear,que funciona com base na decomposição de plutônio-238, precisa de muitos aperfeiçoamentos e testes completos. E, obviamente, é difícil garantir 100% de segurança para a tripulação e a nave com um reator nuclear a bordo.

Outro problema é que os astronautas estadounidenses não têm suficiente experiência, comparados com seus colegas russos, em criar sistemas de suporte de vida para vôos longos e realizar montagens no espaço. A NASA planeja começar expedições de 500 a 1000 dias na EEI apenas no começo de 2012, ao passo que o cosmonauta russo Valery Polyakov bateu o recorde de permanência no espaço - 437 dias - já em 1995.

No entanto, o programa espacial russo sofre com um problema substancial - falta crônica de dinheiro. Excetuando isso, a capacidade da cosmonáutica russa é tão grande, que ela permite elaborar e confirmar experimentalmente projetos testados de vôos interplanetários tripulados.

Em 2000, a corporação Energia, a principal agência espacial russa, completou o projeto de uma Estação Orbital Marciana Tripulada MARPOST. Esta estação, que pesa ao redor de 400 toneladas, consiste em vários elementos - o compartimento dos tripulantes, o sistema de propulsão, as baterias solares e o módulo de pouso automático. Este último deve enviar amostras do solo marciano para a estação em órbita.

Os vôos do MARPOST, que estão sendo esperados há mais de dois anos, requerem a máxima confiabilidade do motor da nave. Um protótipo deste sistema de propulsão já foi criado na Rússia, e é efetivamente usado em satélites de comunicação. A referência é ao motor eletrojato, que opera com um fluxo de partículas de gás xenônio carregadas em um campo eletrostático. O MARPOST usa algumas centenas desses motores, relativamente pequenos, amarrados em "favos de mel", o que aumenta ainda mais a confiabilidade da estação. Na opinião de Leonid Gorshkov, um dos principais projetistas da Corporação Energia, "em caso de uma possível falha no equipamento, a tripulação do MARPOST estará diante de um risco menor que os enfrentados em vôos na baixa órbita terrestre."

A soma de 10 bilhões de dólares calculada pelos especialistas russos é a metade da necessária para a missão estadounidense para Marte. Se os esforços dos dois países são combinados, uma tripulação russo-americana poderá comandar um módulo de pouso que iniciará sua descida em uma década. Andrei KISLYAKLOV, RIAN

Traduzido por Carlo MOIANA PRAVDA.Ru MG BRASIL

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