PRAVDA.Ru: O senhor declarou uma Jihad contra a Rússia em 1995, estava do lado de Shamil Basaev e Aslan Maskhadov.
KADYROV: Sim, estava do lado deles e tenho orgulho que consegui escolher o caminho certo. Há razões específicas pela minha declaração de Jihad e porque eu mudei de posição. Foi uma altura em que as pessoas sonhavam com a sua libertação e pensavam que pessoas como Dudaev ou Yandarbiev quiseram liberdade e um estado islâmico da Chechenia.
E depois o que aconteceu? Há uma regra na Sharia: se o inimigo quiser suprimi-lo, deve resistir fortemente. Mas o inimigo não veio a nós, nós é que o trouxemos, indo atacar Daguestão, arranjando um massacre aí e depois voltando para Chechenia. Isso quer dizer, dizem eles, que a Rússia é o inimigo que veio para as fronteiras e exigiu que os bandidos fossem entregues, Basaev, Khattab e todos os que foram a Daguestão. Mas em vez de entregar os bandidos, Aslan Maskhadov promoveu-os a comandantes. Ele aceitou a guerra e foi então que eu o enfrentei.
Eu disse que era uma guerra entre vizinhos, entre muçulmanos. Mas não resultou. Eu pessoalmente disse a Maskhadov para não deixar que o Basaev fosse e Aslan me garantiu que Basaev não voltaria a Chechenia porque ele tinha um plano, de conquistar Daguestão e depois atacar Azerbaijão e espalhar as ideias do Islão.
Eu estava contra, disse-lhe que a Rússia nunca renderia Daguestão porque é um território de fronteira, tem rota para o mar.
Falei com Ruslan Ali-Hajiev, presidente do parlamento, pedindo-lhe que demitisse Maskhadov, senão a guerra seria inevitável. Ele disse que se ele fizesse isso, de acordo com a constituição, Arsan Alakhov seria chefe de estado e isso seria pior ainda. Eu disse-lhe que informasse aos seguidores de Arsan que o Aslan Maskhadov estava a levar a República para uma guerra. Não o fizeram e tivemos a segunda campanha chechena.
Ninguém conseguiu o consenso. Agora depois da eleição, como unificar a República?
PRAVDA.Ru: A República já está unida o referendo no dia 23 de Março provou isso.
KADYROV: Não haja dúvidas que essas eleições foram a expressão da vontade do povo, estavam fartas da guerra. Têm medo de falar mas deixam bem claro que querem a paz e que querem ser parte da Rússia. Teriam votado assim em 1992 e 1993. Se o Jokhar Dudaev tivesse conduzido um referendo em 1992 para saber o que o povo realmente quis, não teria acontecido a primeira guerra chechena. Se Maskhadov tivesse permitido que o referendo se realizasse sobre o estatuto da Chechenia em 1997, 1998 e 1999, nem teríamos tido a segunda guerra chechena.
PRAVDA.Ru: Quando terminar a eleição, ainda haverá comandantes e suas tropas. Como resolver esse problema? Poderá anular os resultados das eleições.
KADYROV: Precisa haver um governo eleito para os combater. Precisamos duma força policial forte o Ministério do Interior da República da Chechenia. Temos de nos livrar dos traidores que infiltraram no departamento de fazer a lei e todos os dias, são descobertos dois, três, cinco traidores que trabalham na polícia mas sob as ordens de outras pessoas. Quando a polícia estiver limpa desses, o problema será muito mais simplificado. Os terroristas não terão ninguém para contactar e ficarão sem informadores.
Por isso a eleição tem de acontecer, para que a República tenha um governo. Não posso dizer que tudo vai correr bem desde o início e haverá problemas por muito tempo.
Se as pessoas que se rendem pegam em armas imediatamente a seguir, e se os traidores continuam a penetrar as forças policiais...é fácil deitar as armas e render-se às autoridades e depois...
Se as pessoas deitarem fora as armas e obtiverem legalização de mim, são fiáveis e funciona tudo bem. Não só se sabe isso em Moscou mas também na Chechenia. Nós verificamos e garantimos que essas pessoas são controladas por mim. Porquê precisamos deles? Porque eles conhecem os terroristas a vista, sabem onde ficam. Por isso insisto que eles trabalhem contra os bandidos.
Igor KULAGIN e Peter LAVELLE PRAVDA.Ru MOSCOU
Traduzido por Márcia MIRANDA PRAVDA.Ru
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