Quando o cartel poderoso de petróleo, a Organização de Países Exportadores de Petróleo, se reúne em Viena, não vai haver tantos sorrisos como antigamente. O cartel tem dois problemas graves: a exportação do petróleo iraquiano e divisões internas.
Os analistas da OPEP ainda não sabem qual será o efeito do petróleo iraquiano. Este ano o preço do barril tem sido sempre mais alto do que 25 USD e em Nova Iorque na semana passada, atingiu 30.17 USD. No entanto, um aumento de oferta causado pelo Iraque não quer dizer necessariamente que o preço será afectado.
Primeiro, os analistas prevêem que o Iraque não será capaz de manter entregas de 600 a 650 mil barris por dia no início de agosto, como afirmam os norte-americanos e mesmo que isso sucedesse, o petróleo oriundo do Iraque não chegaria ao mercado da EUA antes de dia 15 de Setembro. O excesso seria absorvida pela procura para combustível de inverno.
Outro factor é a guerra de guerrilha no Iraque. Quando George Bush afirmou que a acção militar no Iraque tinha terminado, dezenas de quilómetros de oleodutos tinham sido bombardeados, danificados ou roubados. Principalmente o norte do país sofreu mais os efeitos de sabotagem e pilhagem. A Iraqi Northern Oil Company tem de armazenar tudo em reservatórios, porque os oleodutos não funcionam.
Dentro do cartel, a mudança da posição da Arábia Saudita poderá ter consequências. O maior produtor, e sem dúvida o líder da OPEP, este país viu a sua influência seriamente minada pela acção militar norte-americana no Iraque. Muitos dos membros do cartel mudaram a sua posição perante os EUA, duma neutralidade objectiva para uma hostilidade aberta, alguns considerando os EUA como país inimigo.
Os Estados Unidos da América também mudaram a sua posição perante a Arábia Saudita. Actividades terroristas foram atribuídas a elementos residindo aí e o radicalismo islâmico está a crescer no país devido ao descontentamento com a política económica. Os bilhões estão gastos no nível superior e o povo fica com o que eles chamam um pingo no fundo do balde.
Os EUA estão a perder Riade como instrumento dentro da OPEP e por isso quanto mais cedo o petróleo iraquiano fluir, melhor. Também de interesse é a Federação Russa, um novo jogador no palco de energia mundial. A Rússia fica no meio da OPEP e dos EUA, ambos querem aumentar a sua influência junto aos produtores nacionais. Se a Arábia Saudita exporta 7 milhões de barris/dia, a Rússia exporta 5.03 milhões, dando-a segundo lugar na lista dos produtores, deixando a Noruega, Venezuela e o Irão para trás.
Por enquanto, Moscovo prefere ficar neutro enquanto melhorar a sua rede de oleodutos, que neste momento não está melhor adaptado para fluxos no mercado para exportação.
PRAVDA.Ru Versão inglesa Traduzido por João Casabranca
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