O poder do veto

Rússia e França admitam explicitamente esta semana, pela primeira vez, a intenção de usar seu poder de veto no conselho de segurança da ONU. Se utilizado, o recurso pode impedir a aprovação da resolução que dá um ultimato ao Iraque para desarmar-se.

O primeiro a evocar a hipótese do veto foi o chanceler russo, Igor Ivanov, na segunda-feira. Ele afirmou, durante uma palestra para universitários em Moscou, que a Rússia "não acredita que são necessárias mais resoluções da ONU" e que, caso isso ocorra, o país votara contra.

No mesmo dia, o presidente francês Jacques Chirac deu uma entrevista na televisão em que, pela primeira vez desde o início da crise no Iraque, apresentou seus argumentos sobre o assunto. Ele disse que a França não aceitará a resolução preparada pelos Estados Unidos e pela Grã Bretanha que visa autorizar o uso de forças militares no Iraque a partir do dia 17 se o país não se desarmar. Chirac lembrou ainda que uma guerra dessa natureza só pode conduzir ao desenvolvimento do terrorismo.

Entretanto, o presidente francês deixou claro que a França não e um país pacifista nem anti americano. "É um absurdo imaginar isso. Os dois países têm mais de 200 anos de história em comum e sempre que tivemos momentos difíceis, nós nos encontramos de mãos dadas", recordou. E para provar isso, Chirac autorizou, se necessário, o sobrevoo do território francês feito por aviões americanos.

Ultimato - Para que a aplicação de um ultimato seja aceita, é preciso pelo menos nove votos a favor entre os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, não pode haver nenhum veto entre os participantes. Somente os cinco países membros permanentes do Conselho (Rússia, França, Estados Unidos, China e Grã Bretanha) têm esse direito.

Por enquanto, além dos Estados Unidos e Grã Bretanha, apenas a Espanha (co-patrocinadora da proposta) e a Bulgária se declaram a favor. Rússia, China, França, Síria e Alemanha são contra e o Chile também indicou na terça-feira sua oposição. O Paquistão declarou sua abstenção.

Entre os indecisos estão México, Angola, Camarões e Guiné. O ministro francês Dominique de Villepin visita os três países africanos esta semana na tentativa de conseguir novos aliados. Todas essas mudanças levaram Washington, Londres e Madrid a adiar sua apresentação para a votação, prevista para ontem.

Silvano MENDES PRAVDA.Ru PARIS FRANÇA

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X