Os que quiserem dar uma olhada à imprensa dos Estados Unidos da América hoje em dia irão encontrar o que culminou numa mentalidade febril, McCarthyista e histérica, espelho de um povo dominado por um regime que vive nas nuvens, onde um microcosmo cor de rosa de auto-justificação desafia todas as noções de lógica. Embrulhado nesse presente são ataques contra a Rússia, não punhaladas nas costas mas tão violentas que tentam ir direito ao jugular.
Um belo exemplo é providenciado pelo Washington Post, onde a colunista Anne Applebaum apresentou o que ela deve chamar um artigo, intitulado Skip St. Petersburg, Mr. Bush, qualquer coisa como Não vá a São Petersburgo, Senhor Bush, publicado no dia 8 de Março. Essa tentativa falhada em propaganda política, que demonstra uma total falta de respeito pela Rússia por esta publicação de renome e total ignorância pela sua autora, utiliza a futura reunião dos G8 em São Petersburgo para atacar Presidente Putin e suas políticas.
Numa imprensa livre, aos jornalistas deveria ser, e lhes é, atribuído espaço para escreverem a verdade e se esta verdade contraria as políticas de um governo qualquer, azar. Isso se chama liberdade de expressão e é respeitado em todos os países civilizados, que inclui a Rússia mais do que muitos imaginam.
O que não providencia é espaço para um puro disparate politicamente motivado que enfia falsidades pela garganta abaixo dos seus leitores ingénuos, já infectados com uma dose de Bushite crónica doença que cria delusões agudas de falsa realidade, alucinações políticas e leva os doentes a perpetrarem actos de extrema crueldade e a mentirem compulsivamente.
Para Anna Applebaum e o Washington Post, o G8 começou como simplesmente um clube restrito onde os líderes discutiam questões económicas e políticas off the record. No decorrer do tempo, segundo a autora, enquanto significava cada vez menos aos Americanos, significava cada vez mais aos outros, depois temos um parágrafo que trata o resto da comunidade com derisão: Os Europeus, Os líderes africanos, latino-americanos e do Médio Oriente e uma referência a aquele náufrago de um ser humano, Eltsin, que fez da Rússia um membro baseado em critérios confusos. Hoje, aparentemente, e segundo esta escritora, o G8 adquiriu níveis absurdos de significado e de simbolismo.
Se espera que o povo e o regime dos Estados Unidos da América não pensem da mesma maneira por duas razões. Primeiro, porque a Rússia respeita as suas obrigações sob a lei internacional, respeita a Carta da ONU, respeita as Convenções de Genebra e favorece o uso do Conselho de Segurança da ONU como o fórum para debate, diálogo e discussão uma abordagem multilateral à gestão de crises como estipulado em qualquer norma de diplomacia internacional no ano 2006 e não 1453.
Em segundo lugar, porque a comunidade internacional de hoje favorece o respeito pelos princípios básicos da democracia, que são precisamente este multilateralismo e respeito pela lei, enquanto o regime de Bush prefere uma abordagem unilateralista, baseada nos interesses corporativos do clique de elitistas que gravitaram na direcção do leme do seu país, ditando a sua política que se traduz em prepotência, chantagem e beligerância. O resultado tangível é dezenas de milhares de mortes em guerras ilegais, actos chocantes que pertencem aos anais de câmaras de tortura medievais e desrespeito e desprezo pela comunidade internacional.
Mas o artigo da Washington Post ainda não saiu do adro na sua procissão de arrogância que tão habilmente caracteriza o regime de Bush e os satânicos e cegos seguidores de qualquer seita bíblica que o apoiam.
Indo a São Petersburgo, diz, Presidente Bush (e outros) estarão de facto a colocar seu selo de aprovação na remoção de direitos políticos, o assédio contra grupos independentes, a nacionalização de energia e a censura da média que Putin impôs sobre seu país.
Depois mais lenha para a fogueira, Depois de Bush voltar para casa, os do Kremlin irão....rir à gargalhada e concordar entre si que os líderes do assim-chamado Ocidente simplesmente falam dos ideias de liberdade e democracia mas não os praticam.
Uma provocação destes, por muito mal-informada e absurda que seja, terá a resposta que merece.
Vamos começar pela liberdade e democracia que esta jornalista (?) defende. Será aquela liberdade e democracia que causou aquele acto de chacina no Iraque, baseado em mentiras e a quebra da lei internacional, em que cem mil civis foram assassinados? Será aquela liberdade e democracia que escolheu como alvos infra-estruturas civis por equipamento militar? Seria a mesma liberdade e democracia que enviou a sociedade iraquiana três séculos para trás em três anos, impondo um regime que permite que as mulheres sejam espancadas por se portarem mal? Seria bem que a Anne Applebaum se informasse antes de fazer afirmações absurdas destas, e ela aprenderia que três vezes mais russos hoje consideram que vivem em condições de democracia do que nos tempos de Eltsin.
Quanto ao resto desse artigo no Washington Post, é de salientar que as actividades de jornalismo e de edição incluem a responsabilidade de respeitar as respectivas normas deontológicas. Entre estas figura a obrigação de dizer a verdade. Artigos do calibre deste disparate da Anne Applebaum são um insulto aos leitores do jornal, são um insulto à Rússia de Presidente Putin e um insulto ao jornalismo e aos jornalistas pelo mundo fora.
Direitos políticos
O Washington Post fala da remoção de direitos políticos. Porém, se os editores deste jornal ou sua colunista tivessem tido o trabalho de pesquisarem, de lerem a legislação sobre ONGs e informar seus leitores devidamente, teriam aprendidos que as leis passadas pela DUMA em Dezembro esclarecem as obrigações do Estado perante essas organizações, retirando o direito de oficiais ou burocratas interferir como entenderem, e referindo todas as questões relacionadas aos tribunais independentes.
A intervenção pelo Estado é limitada, não estendida.
Grupos independentes
O Washington Post fala do assédio contra grupos independentes. Todos nós já lemos as palavras independente, separatista, lutadores pela liberdade e por aí fora quando o Ocidente fala dos seus queridos, os terroristas chechenos, que são equipados e financiados pela Al Qaeda. Será que o Washington Post diz que o regime de Bush assedia bin Laden?
Se o Washington Post tivesse uma módica quantidade de respeito pelos seus leitores, relataria os factos: um governo democrático na Chechénia, eleito por uma maioria absoluta (acima de 90%) do eleitorado, que favorece a integração na Federação Russa e não separatismo nem independência, numa Constituição aprovada por um referendo que por sua vez reitera o empenho a ficar na Federação. Em 2005, mais que 7.000 terroristas baixaram as armas em troca de uma amnistia, os ataques terroristas diminuíram por 400% e baixas russos caíram de quase 1.400 em 2000 para vinte e oito, enquanto um quarto de milhão de refugiados chechenos voltaram às suas casas.
A média
O Washington Post refere à censura da média. Deixemos aqueles que escrevem na média russa contarem a verdade e ei-la, pura, nua e crua: como jornalista para um jornal russo e colaborador em várias iniciativas com o Ministério de Relações Exteriores da Federação Russa, eu tive o cuidado de pesquisar precisamente esta área antes de começar a trabalhar nela. A resposta que recebi, quer do Ministério, quer do próprio Kremlin, foi igual: Não há linhas guia senão escrever a verdade e não divulgar segredos do estado.
Quaisquer restrições sobre a média existem para impedir reportagens irresponsáveis que distorcem os factos (do tipo que se lê no Washington Post, por exemplo) ou que providenciam aos terroristas a informação que eles não conseguiram recolher. As restrições existem para proteger, não para atacar.
Energia
Quando falamos da energia da Rússia, temos de reconhecer o princípio fundamental que os recursos da Rússia pertencem aos russos, e que cabe ao governo da Rússia decidir como os utilizar, o que fazer com eles, onde e quando fornecê-los e quais os critérios em calcular seu preço. Não tem nada a ver com os EUA, não tem nada a ver com Washington, não tem nada a ver com os norte-americanos e não tem nada a ver com o Washington Post.
Finalmente, se Presidente Bush decidir assistir à reunião, a escolha é com ele. Se ele for, será recebido com aquela famosa hospitalidade russa. Se decidir não ir, será uma dor de cabeça a menos em termos de segurança, porque suas políticas são tão populares que tem de levar dez mil guarda-costas com ele para os sítios onde se atreve a sair de um avião. Ninguém irá rir às gargalhadas porque os russos não acham graça actos de assassínio maciço, mentiras e tortura.
Afinal, comparar as relações da Rússia com os EUA hoje em dia é como comparar Deus ao Diabo.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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