Russos voltam a analisar experimentos brasileiros

Uma nova comitiva de pesquisadores russos chegou a São José dos Campos (SP) para dar sequência à análise dos experimentos que devem ser levados ao espaço pelo astronauta Marcos Pontes, em sua viagem à Estação Espacial Internacional (ISS), marcada para 30 de março. Na avaliação anterior, em janeiro, as simulações foram feitas no Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram avaliados, entre outros quesitos, a segurança dos protótipos quanto aos efeitos químicos, alimentação elétrica e resistência à vibração.

São experimentos em áreas como biologia e microeletrônica, idealizados por instituições de pesquisa brasileiras para serem conduzidos no ambiente de microgravidade da ISS. Como o vôo será feito a bordo da nave russa Soyuz, a Rússia é responsável por todos os oito experimentos que serão levados pelo brasileiro na Missão Centenário - homenagem aos cem anos do vôo do 14 Bis de Santos Dumont.

Uma das experiências, intitulada Nanossonda para ambiente de microgravidade, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi vetada por problemas técnicos, reduzindo para oito o número de experimentos previsto originalmente. No geral, os especialistas russos mostraram-se satisfeitos com a qualidade e o nível de preparação dos pesquisadores. O diretor de Programas Tripulados da Roscosmos, Sergey Rybkin, declarou que foi vencido um “grande desafio”. Para ele, as exigências internacionais de segurança dos experimentos foram alcançadas em pouco tempo.

“Os brasileiros têm grande experiência de trabalho com equipamentos no espaço, mas nenhuma experiência em vôos tripulados. Estamos surpresos com o resultado”, disse Rybkin, citado em comunicado da Agência Espacial Brasileira (AEB).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma das instituições que participarão cientificamente no vôo de Pontes. O estudo escolhido pela instituição pretende avaliar a germinação de sementes Gonçalo Alves (Astronium fraxinifolium) em condições de microgravidade.

Em outubro de 2005, a AEB solicitou à Embrapa a apresentação de alguns experimentos com potencial para a Missão Centenário. A instituição apresentou cinco propostas, entre elas a avaliação da expressão diferencial de genes, do crescimento de toxinas em bactérias e da capacidade de transformação de células vegetais.

Foi escolhido o experimento com a germinação de sementes em baixa gravidade. A semente escolhida é de uma espécie arbórea nativa do cerrado. É a primeira vez que uma espécie tropical será testada no espaço. Além da Embrapa, estão envolvidas na missão espacial a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA).

Segundo Estadão.com.br

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