Engano Intencional

Em entrevista à rede NBC dos Estados Unidos, no último domingo, o Secretário de Estado Colin Powell confirmou textualmente que “as fontes eram imprecisas, errôneas e deliberadamente enganosas”.

Em seu discurso realizado em fevereiro de 2003 nas Nações Unidas apresentou fotos do possível arsenal de armas químicas e biológicas levantadas pela Agência Central de Inteligência. Tudo falso e ardilosamente preparado para comover a mídia internacional.

O ponto grave desta história é o engano intencional. Esta constatação envolve seriamente o governo Bush. Trata-se de um escândalo gigantesco, responsável por intervenções ilegais, criminosas, desumanas.

O povo norte-americano reage de uma forma terrivelmente egoísta. As pesquisas mostram a queda vertiginosa da popularidade do presidente Bush. Suas mentiras, muito mais sérias e impactantes que as do Clinton no episódio da Mônica Lewinski, são descaradamente aceitas.

Os editores do New York Times criticam a seriedade e maturidade de Bush. É um governo desastrado, incompetente, irresponsável.

Mesmo assim, a ilegal ocupação do Iraque perdura. O mundo inteiro não consegue reagir, preservando uma omissão incomparável.

A pretensa democracia imposta ao povo iraquiano é outra grande farsa. Vai existir no papel. Na realidade, a verdade é bem diferente.

O petróleo iraquiano não é mais do povo do Iraque. Agora pertence às multinacionais norte-americanas, lideradas pela ex-empresa do vice-presidente Dick Cheney.

Os norte-americanos não se importam com o mundo. Infelizmente o povo do Iraque não passa de um lixo incômodo. Não estão preocupados em construir, em modernizar, em promover o desenvolvimento humano. A única preocupação é preservar os interesses próprios.

O jogo de aparências tem se apresentado frio e insuficiente.

Enquanto o mundo chora suas calamidades e se comove profundamente com a dor dos furacões que assolam os pobres filhos do Tio Sam, as reações governamentais são patéticas.

As conclusões da constatação de Colin Powell merecem uma desculpa nas nações unidas, uma desocupação imediata do Iraque e uma reparação de todos os danos cometidos.

Discute-se o quanto é permissível ao homem público errar. Quando o erro é deliberado e intencional, e suas conseqüências são desastrosas, qualquer governante público deve responder pelos seus atos.

Em primeiro lugar, esta tarefa árdua cabe ao próprio povo norte-americano. Se não produzir efeito, as nações unidas devem assumir o ônus da justiça através dos tribunais internacionais.

Fato cabal: não existem armas de destruição em massa no Iraque.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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