"IMAGINE QUE OS BRITÂNICOS TINHAM UM REFERENDO NO DIA DOS ATENTADOS DE LONDRES"

"IMAGINE QUE OS BRITÂNICOS TINHAM UM REFERENDO NO DIA DOS ATENTADOS DE LONDRES" Imagine que o povo britânico era chamado a votar num importante referendo político no dia dos atentados de Julho em Londres. Ontem no Iraque, foi precisamente isso que as pessoas foram chamadas a fazer.

Terrorismo, atentados suicidas e a falta de segurança e de serviços básicos é a realidade quotidiana no Iraque. Foi nesta situação que os iraquianos foram chamados a votar, praticamente de olhos fechados, sobre o futuro do seu país

A maioria da população não foi devidamente informada acerca da constituição proposta, e nalgumas áreas nem sequer ouviu falar dela.

Quando o país inteiro está sob ocupação armada, e com o terrorismo islâmico por toda a parte, como é que as pessoas podem tomar uma decisão informada sobre o futuro do seu país? A população inteira vive no medo. Milícias islamitas estão a usar a ocupação para justificar os seus actos terroristas e crimes hediondos. Estão a impor o uso do véu às mulheres, chegam nalguns casos a decapitá-las, e estão de um modo geral a forçar uma linha fundamentalista de leis islâmicas. Na cidade de Haditha, a duas horas de carro de Bagdad, milícias islamitas enforcaram pessoas em público. Jovens foram humilhados e particularmente as mulheres foram aterrorizadas.

Tudo isto tem estado a acontecer perante uma polícia iraquiana incapaz de impor a lei e a ordem, e de assegurar uma segurança mínima. Na prisão de Abu-Ghraib, militares norte-americanas e aliados continuam a humilhar iraquianos. A Amnistia Internacional tem denunciado casos de famílias inteiras maltratadas por tropas dos EUA e pela polícia iraquiana durante detenções, incluindo uma empresária que no início do ano que foi espancada, roubada, e presa sem culpa formada.

Os abusos das forças de ocupação e os ataques bombistas de grupos sectários rivais no Iraque constituem mais um espezinhamento da legitimidade da constituição.

Os verdadeiros arquitectos da Constituição foram fundamentalistas islâmicos, baseados na Sharia. O parlamento iraquiano pretende impor uma constituição ao povo iraquiano, sem se importar por ela levar a uma misogenização e a uma islamização sistemática da sociedade iraquiana.

A constituição é uma vergonha. Vai levar a menos - e não a mais - liberdade no Iraque, e deve ser rejeitada e condenada por todos. Houzan Mahmoud, 16/10/2005 Traduzido por Luís Carvalho PRAVDA.Ru

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