ACORDO DO LAOS VERSUS PROTOCOLO DE KYOTO

Foi concluído há alguns dias o acordo para limitar as emissões dos gases "estufa" para a atmosfera entre os países dos Estados Unidos, Austrália, Japão, Índia, China e Coreia do Sul, que por sua vez não pode constituir convénio alternativo ao Protocolo de Kyoto. Seria, ao menos, um bom complemento para este documento internacional e mais uma variante de luta contra a deterioração das condições climáticas no planeta.

Antes do mais convém destacar o status jurídico diferente destes dois documentos. O acordo alcançado no Laos entre os seis países não passa de ter o formato dum documento regional na dimensão das relações internacionais, ao passo que o Protocolo de Kyoto chega ao nível das Nações Unidas. Pois bem, deixe que o novo acordo trabalhe para o bem da Humanidade! Ao menos desta maneira torna-se possível atrair mais atenção dos países em vias de desenvolvimento ao Protocolo de Kyoto. São precisamente este grupo de países que incrimina constantemente às Nações Unidas, no que concerne a sua passividade na luta contra o "efeito estufa" em escala planetária e, de repente, vêm eles agora, com a cara de pessoas bem intencionadas, como se estivessem dando provas de que não se afastaram do problema em voga, mas que pelo contrário estão todos concentrados nele.

Para os Estados Unidos que já se habituaram a exercer o seu papel de liderança na arena internacional, o Acordo de Vientiane é interpretado só como uma iniciativa política valiosa e nada mais. Com este documento, os EUA pretendem desfazer-se de toda a crítica que se ouviu a respeito do seu afastamento do Protocolo de Kyoto mostrando que existe uma outra opção mais flexível, mais inovadora.

É absolutamente evidente que este acordo convém muito aos norte-americanos porque lhes dá chances maiores para exportar as suas tecnologias. Mas não creio que os Estados Unidos estejam dispostos a divulgar novas ideias e realizações nos países em vias de desenvolvimento. Na melhor das hipóteses, o que eles são capazes de fornecer são tecnologias boas, mas sem dúvida não as mais modernas.

Com grande certeza posso afirmar que os americanos já fornecem as tecnologias conhecidas de extracção do carvão e da sua transformação em partículas dispersas adquirindo assim a capacidade de queima-lo todo, sem impurezas. Este processo de queimar o pó de carvão já é utilizado na Europa e, especialmente, na Alemanha.

De um modo geral, o aparecimento do Acordo de Vientiane é mais um passo na luta contra o aquecimento global que se verifica ultimamente no nosso planeta.

Serguei Kuraev administrador dos programas ecológicos do Centro Ecológico Regional RIA "Novosti"

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