Iraque: Toda a Verdade! Entrevista exclusiva

Nesta primeira duma série de entrevistas, Timothy Bancroft-Hinchey fala com Houzan Mahmoud, membro do gabinete político do Partido dos Operários Comunistas do Iraque (POCI), co-fundadora do Congresso de Liberdade do Iraque (Iraq Freedom Congress, IFC) e representante da Organização pela Liberdade da Mulher no Iraque.

O quê é o Congresso de Liberdade do Iraque? É a iniciativa por várias organizações, o POCI, o Partido dos Operários Comunistas Hekmatistas do Irão, o Movimento de Socialismo Democrático do Japão e intelectuais e académicos no Iraque.

Quais são os vossos objectivos? Temos três objectivos principais: Pôr fim à ocupação, acabar com a situação em que o estado é regido pelo Islamismo e criar um governo provisional baseado na vontade do povo, exprimido através do voto directo.

Mas o Iraque não tem já um governo que foi eleito democraticamente? Na realidade, esse governo é somente uma assembleia dos grupos mais sectários, reaccionários de direita. Seus membros foram escolhidos antes da invasão e de modo nenhum pode representar o povo. Este governo está sendo baseado em divisões étnicos e religiosos, não com base no conceito de cidadania igual.

De modo nenhum pode resolver quaisquer dos problemas do Iraque porque é parte do problema, parte do caos, sendo parte da agenda dos Estados Unidos da América.

Então por quê razão é que as pessoas votaram neles? A eleição teve lugar sob o controlo das milícias por todo o Iraque, na parte do sul, houve milícias armadas como a milícia Badir e a Milícia de Muqteda Alsadr, que têm sido apoiados financeira e politicamente pelo Irão.

No Curdistão, temos a União Patriótica do Curdistão e o Partido Democrático Curdo, que são parte da política dos EUA no Iraque e que servem a coligação. E no centro do país quem controla a área de verdade são as forças Islâmicas…lembre-se também que a votação das pessoas teve por trás muitas outras razões e que a história que ninguém conta hoje é que muitas pessoas foram chamadas a votar pelos líderes religiosos. Outras foram ameaçadas e esforçadas a votar por Fatwas, outras receberam mensagens dizendo que se não votassem por pessoa tal, perderiam as rações de comida.

Dois anos após a invasão, qual é a verdadeira situação no Iraque hoje? O que eu encontrei no Iraque depois de oito anos no estrangeiro chocou-me. Em dois anos, a força de i8nvasão dos norte-americanos e o governo fantoche enviou o país inteiro para trás uns cem anos, um século para trás.

Eu entrei através da Síria porque o aeroporto de Bagdade é perigoso demais, fora de controlo, e há grupos de homens armados por toda a parte, em todo o país. Quase não se vê mulheres e as que são vistas são esforçadas a usarem o véu.

Eu tive de viajar com um guarda-costas porque sou mulher e porque recusei-me a usar o véu.

O país está em caos. Nada funciona. As infra-estruturas foram alvas dos militares norte-americanos, foram destruídas e o estado entrou em colapso.

Mas os americanos estão a controlar a situação? Claro que não estão em controlo, eles controlam suas bases, eles viajem em colunas militares vastas, maltratam as pessoas na rua, fazem pouco das pessoas, gozam com elas e humilham-nas em público. Nem as forças de segurança do Saddam faziam isso. Se houver um incidente, os americanos não têm problema em destruir um quarteirão inteiro em vez de enfrentarem o inimigo.

A assim-chamada “resistência” vai e vem como quer, escolha um alvo, ataca e recua. Sabem o que fazem, são muito bem armados e muito bem financiados.

E quem é a “resistência”? Alguns iraquianos, alguns estrangeiros, muitos estrangeiros de facto, Jihadis de muitos países vizinhos, alguns pelo dinheiro, outros porque acreditam que estão numa guerra religiosa.

Então, Houzan, são contra Saddam, são contra a “resistência” e são contra o regime fantoche de Washington. E o que é que defendem? Nós defendemos os direitos dos trabalhadores, mulheres e o povo em geral, nós somos contra a repressão das pessoas. Nós construímos nossa própria frente progressiva no Iraque. Através do Congresso de Liberdade do Iraque, estamos a tentar organizar uma dimensão internacional para nosso movimento, para trazer a liberdade a todos os iraquianos. Estamos a tentar mobilizar todos aqueles que podem e conseguem fazer uma diferença a volta do mundo e no Iraque.

Queremos que as mulheres sejam livres para trabalhar, estudar e andar sem que lhes digam o que hão-de usar.

Queremos apresentar um governo provisional que representa os direitos dos trabalhadores no Iraque, as mulheres e os direitos humanos e que vai restaurar a sociedade civil, garantindo a liberdade e igualdade para todos.

E até que ponto é que têm liberdade de acção no Iraque? A liberdade não tem significado sem segurança… quando se vive num país em que esperar numa fila para comprar algo constitui um risco e pode custar a vida, não se está livre em actividades políticas e o espaço que conseguimos manter para as nossas actividades não pode ser rotulado de livre. Embora que nós estejamos a sofrer no fogo cruzado entre as forças terroristas dos Estados Unidos da América e as do Islão político, estamos lutando para ficar mas a situação piora com cada dia que passa.

Muito obrigado, Houzan Mahmoud Bem, obrigada digo eu à PRAVDA.Ru pela entrevista

PRAVDA.Ru irá continuar a apoiar a causa da liberdade para mulheres, operários e a sociedade civil no Iraque. Se os nossos leitores quiserem saber mais acerca deste movimento e se quiserem apoiar, visitem:

www.equalityiniraq.com & www.wpiraq.net Ouenviem um E-mail a Houzan Mahmoud: [email protected]

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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