A ascensão de Laura Bush

É uma figura doce, tranquila e humilde, essa sorridente cara metade do casal Bush. Que contraste com a presença do seu marido, indesejado, intrusivo e arrogante. A ascensão de Laura Bush é um sintoma claro da queda de George W.

A questão se coloca, porém, quem é Laura Bush e que lugar tem ela a entrar num nos sítios mais sensíveis do planeta a falar das políticas externas dos EUA?

Será que Condoleeza Rice, Dick Cheney, Donald Rumsfeld e George Bush são tão odiados que nem se atrevem a sair dum avião na maioria dos países? Ou será que se sentem tão pouco bem-vindos fora de Washington que preferem os confins confortáveis dos seus escritórios, onde os seus empregados serão respeitadores? Será que temem tanto que alguém os insulte, atire um ovo? E se sim, por qualquer razão será.

Por isso a ascensão de Laura Bush é a queda do seu marido. A cara do regime de Bush é agora Laura e não George, nem Condy, nem Dick, nem Donald e é um sinal claro que Washington finalmente entendeu a mensagem: as pessoas não gostam de regimes que cometem actos de chacina, seja em Bagdade ou em Washington.

A visita este final de semana ao Monte do Templo em Jerusalém foi talvez o testemunho mais nítido que a Washington faltam todas as ideias, que chegou ao final do beco sem saída e nem energia tem para fazer marcha atrás. Parou.

Washington queimou-se pura e simples e totalmente no Iraque, de onde saem relatórios já acima do nível de boatos que as baixas norte-americanas são bastante mais elevadas do que está a ser admitido pelo Pentágono.

A arma secreta? Laura Bush, a ex-bibliotecária, que agora fala em nome do seu marido sobre a política externa do seu país. Não foi então uma visita particular, como alguns disseram.

Mas essa ex-bibliotecária foi eleita pelos cidadãos dos Estados Unidos da América para fazer declarações de política, especialmente numa zona tão sensível como o Médio Oriente, e particularmente no Monte do Templo?

O fiasco chamado o regime do Bush bateu no fundo pouco depois da manipulação de medo o ter garantido uma segunda presidência. Com o desastre da política interna a implodir à sua volta, com o desastre da política externa arrogante e assassina a produzir uma muralha de ódio contra Washington, Bush se esconde atrás da mulher, esperando a Deus que alguém a ache atraente e por isso o desculpe de tudo.

É o equivalente político da prática de oferecer a filha mais velha ou a mulher ao visitante importante para o agradar.

As pessoas eleitas pelo povo dos EUA hoje em dia baixam as orelhas e se mantêm fora da vista, e esperam eles, fora da memória, enquanto a ex-bibliotecária recebe as vaias de israelitas e palestinianos. Que seja para ela e não para eles, porque ela vai receber, quanto mais, vaias e eles, talvez uma granada ou um tiro na testa.

Esta visita vem dias depois da Laura Bush ter explicado num jantar que George adormece às nove horas da noite e que ela e a senhora de Dick Cheney vão ver os homens tirar as roupas num clube de striptease. Isso diz tudo da proeza dos maridos delas entre os lençóis, onde devem ser tão excitantes como lesmas secas com disenteria. Tentando pintar uma cara mais humana para o tirano George? O coitado anda tão cansado de resolver os problemas do mundo que fica estoirado depois do jantar e adormece no prato de sobremesa?

Por absurdo que seja ver a Laura Bush ser manipulada pelo regime assassina de Washington, porque ela é a única figura humana que preste entre essa laia, também é verdade que ela é muito melhor embaixador para seu país que seu marido e a amiga dele, Condoleeza Rice.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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