A Semana Revista

Togo a ferro e fogo

A eleição Presidencial de Domingo passado tem causado distúrbios públicos esta semana principalmente na capital, Lomé, bastião da oposição. Em batalhas corridas entre manifestantes e as autoridades, há reportagens de até cem mortos, números não confirmados pelo governo.

Faure Gnassingbe assim sucede ao seu pai, Gnassingbe Eyadema, que agarrou o poder em 1967 depois dum golpe de estado precisamente contra o pai dum dos líderes da oposição, Harry Olímpio.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos da América exprimiu sua preocupação acerca dos resultados e mais uma vez constitui um insulto para as organizações locais, pois ECOWAS (União Económica dos Estados da África Ocidental) declarou que de forma geral, as eleições decorreram num clima de paz e que eram livres e justas, o povo togolês tendo a oportunidade de registar sua vontade.

Esta vontade é registada pela Comissão Central das Eleições que atribui 60,22% a Faure Gnassingbe, 38,19% a Akitani-Bob e 0,55% para Olímpio.

Exprimir preocupação quando os organismos africanos, que estão no terreno, dizem o contrário, é a mesma coisa que dizer que não passam duma cambada de pretos selvagens mentirosos que deveriam ser colonizados. A vergonha é para Washington e qualquer outro governo que teima em não acreditar na União Africana e seus organismos.

Vietname - 30 anos depois

Um país que vive em paz, um país governado pelos seus, um país que vive em harmonia com sua cultura e suas tradições, um país que tem relações amistosas com os seus vizinhos e um país que não vive traumatizado pela guerra que ceifou a vida de três milhões dos seus cidadãos. Que diferença entro agora e 30 anos atrás, com a presença e o pivete de Washington nas suas ruas.

No dia 30 de Abril faz 30 anos desde aquelas cenas na embaixada dos EUA em Saigão, com os norte-americanos já retirados e os sul-vietnamitas a empurrarem uns aos outros para ganharem um lugar no helicóptero.

Mas os EUA pararam por aí? Não, continuaram e continuam. Agora temos o belo exemplo do Iraque, onde Washington e meia-duzia de covardes sicofantas lançaram um ataque ilegal e perpetraram um acto de chacina de dezenas de milhares de pessoas porque Bush queria retirar do poder Saddam Hussein, o ponto de equilíbrio, por causa dum atentado que acontecera contra seu pai depois da primeira guerra no Golfo.

A verdade é essa – não havia armas de destruição massiva e sabiam-no porque os inspectores da UNMOVIC não as encontravam. A verdade é que Washington sabia muito bem que era preciso sempre uma segunda resolução do Conselho de Segurança da ONU porque é exigido pela Carta da ONU e se não fosse preciso, por quê é que havia aquela ronda de chantagem e pressões atrás das cenas e por quê é que tentaram tanto realizar a segunda resolução, se não era necessário?

Depois vêm com um discurso que nem era preciso e que de qualquer modo Saddam era um filho de mãe e que o mundo é melhor sem ele. É como atacar uma favela com um exército inteiro, bombardeá-la toda com napalmo, chacinar cem mil pessoas e depois dizer que a cidade está melhor porque morreu o traficante maior.

É justiça? Não é e agora exige-se a justiça – vamos chamar criminosos de guerra a aqueles que chacinam civis sem pretextos e sem casus belli. Os criminosos de guerra, Bush, Rumsfeld, Cheney, Powell, Rice, Blair, Hoon e companhia, deveriam estar num tribunal de lei.

KRISTOS VOSKRESE! Domingo dia 1 de Maio é a Páscoa Ortodoxa

Todos os anos, no Sábado da Páscoa (Ortodoxa), acontece um milagre no Túmulo do Sepulcro Santo em Jerusalém, onde foi colocado o corpo de Cristo o Salvador depois de ter saído da Cruz – aparece o Fogo Sagrado.

Este fenómeno acontece todos os anos no Sábado Sagrado Ortodoxo na câmara do túmulo – faíscas de luz aparecem na altura da oração pelo Fogo Sagrado e acende uma fogueira. O Patriarca de Jerusalém depois sai da câmara, com uma lâmpada iluminado pelo Fogo Sagrado e muitas das velas nas mãos dos fiéis se acendem misteriosamente.

Estas velas são passadas de mão a mão e depois o Fogo Sagrado é levado por avião à Catedral de Cristo Salvador em Moscovo.

Na Rússia se diz, “Cristo ressuscitou!” (Kristos Voskrese) e se responde “Realmente ressuscitou!” na Páscoa Ortodoxa.

A Páscoa Ortodoxa é calculada do mesmo modo que a Páscoa Católica, excepto que a data que marca o ponto de partida é diferente. Na Igreja Católica, o Domingo da Páscoa é o Domingo a seguir à primeira lua cheia da primavera, dia 21 de Março. Isso no calendário gregoriano.

Mas no calendário juliano, seguido pela Igreja Ortodoxa (embora todos os países reconheçam a contagem secular do calendário gregoriano por motivo de convenção) dia 21 de Março corresponde ao dia 3 de Abril. Por isso o primeiro dia de Primavera para os Ortodoxos é 3 de Abril e o Domingo da Páscoa é o Domingo a seguir à primeira lua cheia depois desta data.

Por isso quando a primeira lua cheia acontece depois do dia 3 de Abril, as duas Igrejas celebram a Páscoa no mesmo dia.

Dia do Trabalhador

Dia 1 de Maio é um dia de celebração da vitória dos movimentos sindicalistas em todo o mundo, que derramaram seu sangue e que deram horas e horas do seu tempo na construção dos direitos do trabalhador, pondo fim à exploração do proletariado pela burguesia, estabelecendo um estado de lei e igualdade entre os seres humanos.

Agora com tantos direitos alcançados, o trabalho dos pioneiros que construíram o Primeiro de Maio é feito? Sim, mas não terminado. A grande derrota deste heróico movimento será a apatia já que muitos de nós vivemos no conforto dos nossos lares, gozando as boas condições de trabalho, salários que dão para comer e mais ainda e a segurança que a sobrevivência dos nossos filhos é garantida.

Mas isso se deve inteiramente aos esforços dos Pioneiros de Maio, numerosos demais para colocar aqui nomes, por medo de excluir alguns e isso seria uma injustiça.

Injusto também seria esquecer os esforços destes heróis da humanidade e lembrarmos que ainda em alguns países, há condições de vida e de trabalho deploráveis – e, se formos ver com cuidado, as forças reaccionárias estão presentes até nos países que já gozam de condições dignos de trabalho e estão à espera, estão prontos para fazer marchar atrás o relógio e se dermos a eles a hipótese, lá instalariam as mesmas condições que existiam há um século atrás.

O monetarismo e liberalismo capitalista são a face visível destas forças reaccionárias. Onde marcham esses ideais é semeado o caos social. Basta ver os três milhões de desempregados crónicos deixados pelo regime de Thatcher no Reino Unido para ver um exemplo clássico do grande falhanço deste sistema.

O modelo exclui qualquer preocupação social, enquanto foca de forma aberrante na linha de fundo das contas e qualquer componente que reduz os custos é visto como positivo. A que custo social? Leva ao caos e rompimento social. É um modelo falhado e começamos a entender que o modelo soviético afinal não era assim tão mau.

Havia emprego garantido, pensões garantidas, habitação garantida, escolaridade, educação superior e cuidados de saúde excelentes e gratuitas, um sistema de transportação pública gratuita em alguns casos e com preços simbólicos em outros, e um país com um PIB sensivelmente o dobro daquilo que é hoje.

Claro, havia erros e havia componentes a melhorar, como por exemplo reconhecer o esforço individual e permitir um sistema de escolha pessoal dentro do mecanismo colectivo. No entanto, há que reconhecer também que a União Soviética vivia com um ocidente beligerante, intrusiva e agressiva, que tudo fez para desestabilizar a União, com medo que os grandes progressos e vitórias em nome do proletariado iria destruir o mundinho confortável da elite que geria e que continua a gerir as suas sociedades.

Basta olharmos para Washington hoje, agarrado na mão dum clique de elitistas corporativos que ditam a política externa do país que afecta os quatro cantos da Terra para ver que nada mudou no ocidente e quanto mais vivemos isso, quanto mais saudades se sente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Vamos lembrar das grandes vitórias dos pioneiros de Maio e da URSS, que alcançaram todos os objectivos, trazendo paz, estabilidade e boas condições de vida para aqueles que viviam num pesadelo.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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