Quando João Paulo II elegeu-se papa, 80% dos católicos de todo o mundo viviam sob regimes militares ou de partido único. Com ele, a cifra se inverteu e hoje mais de 80% deles vive em regimes de democracias representativas. Contudo, as mudanças patrocinadas pela igreja em escala planetária não geraram reformas internas. Há 1,3 bilhão de católicos e cerca de 3 milhões de catequistas, 140 mil missioneiros, 800 mil religiosas e 4.600 bispos. Quantos deles votaram por seu líder? Nenhuma mulher, leigos, jovens e homens de meia idade poderão votar, nem se quer enterar-se das discussões secretas para nomeá-lo. Apenas 115 cardeais (cuja média de idade supera as sete décadas) decidem o futuro papa no conclave ultra-secreto. Destes, somente 21 são latino-americanos, local onde reside a metade dos católicos. Dois terços dos cardeais são do Primeiro Mundo, onde mora apenas um terço dos fiéis. Quase todos que nomearão o novo papa foram indicados por João Paulo II, o que demonstra que muito pouco será mudado. A igreja requereu durante o antigo bloqueio socialista no Terceiro Mundo todos os mandatários fossem eleitos por voto universal e direto. Porém, na hora de eleger seu próprio governante, a igreja mantém o maior sistema de seleção medieval que ainda existe no globo.
Prof. Dr. Isaac BIGIO
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