A Organização dos Estados Americanos (OEA) se polarizou como nunca na eleição desta segunda-feira, para escolher o seu secretário-geral. Os candidatos Luis Ernesto Derbez (mexicano de centro-direita) e José Miguel Insulza (chileno, socialista moderado) conquistaram 17 votos cada um.
O que arrancar um único voto do outro pode ganhar. Nenhum deles apoiou a guerra contra o Iraque, mas Bush confia menos em Insulza, tanto por seus flertes com Chávez quanto pela possibilidade de ele pedir o retorno de Cuba à Organização.
Derbez possivelmente trabalhará mais por tratados de livre comércio como a Alca e por um bloco pan-americano ante a Ásia. Com Insulza, por outro lado, estão os países que pedem maior independência perante os EUA: o bloco sul-americano Argentina-Uruguai-Brasil-Venezuela-Equador.
Washington queria que outro centro-americano, mais afinado com seus objetivos, estivesse na disputa, mas seu candidato (o ex-presidente salvadorenho Flores, de direita) se retirou, possivelmente para não pulverizar os votos e assim fazer mais contrapeso à centro-esquerda.
A decisão está nas mãos dos pequenos estados do Caribe que inicialmente apoiavam o Chile. Nesta região, há mal-estar diante da forma como Bush interveio no Haiti, mas ali os EUA tradicionalmente têm muita influência e sua pressão poderia alterar os resultados. Não se descarta um possível terceiro candidato. A crise na votação evidencia que a hegemonia norte-americana sobre a OEA já não é tão contundente como antes.
Prof. Dr. Isaac BIGIO
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