UNIÃO DA AMÉRICA DO SUL MAIS PRÓXIMA DO QUE NUNCA

No dia 1 de março, chegou ao poder o presidente uruguaio Tabaré Ramón Vázquez Rosas, de tendências esquerdistas. É o primeiro líder uruguaio com essa orientação política, em um país sempre dominado por direitistas e liberais, e encerrando o bipartidarismo deste país: desde sua independência, o Uruguai sempre foi dominado pelos partidos Colorado e Branco. Nunca em toda a história da América do Sul houve uma coincidência política e econômica entre tantos países: Lula no Brasil, Kirchner na Argentina, Lagos no Chile, Chávez na Venezuela, e agora Vázquez no Uruguai, são todos presidentes de esquerda, alguns mais e outros menos moderados.

Pode-se fazer muitas críticas aos governos de Lula, Kirchner e Chávez, principalmente as fortes tendências populistas deste último, e a Lagos, que afirma ser favorável à integração da América do Sul mas foi um dos primeiros a entrar na Alca (a Área de Livre Comércio das Américas, impulsada pelos EUA). Mas o fato de que tantos presidentes tenham políticas afins tem uma grande vantagem: é muito mais fácil a integração da América do Sul.

Brasil e Argentina, até meados dos anos 80, tentaram impor-se cada um como potência regional dominante, durante os regimes militares, e nada conseguiram além de uma imensa dívida externa, hiperinflação e dependência do capital externo. Mas unidos, os países da América do Sul têm possibilidades muito melhores. Uma aliança política, econômica e estratégica entre os países do sub-continente é essencial para que possam constituir um bloco independente de poder. Unidos têm muito mais força para negociar acordos comerciais com outros países e blocos, conseguir acordos políticos, e no futuro podem vir a ser também uma considerável potência militar, caso a união chegue também a uma aliança de defesa.

Por outro lado, a meta da Casa Branca, de negociar em separado com cada país para impor uma Alca assimétrica, com grandes vantagens apenas para os EUA, está cada vez mais distante. O ex-presidente uruguaio, Jorge Battle, estava negociando acordos comerciais com os EUA, mas é de se esperar que Vázques os abandone (ou pelo menos diminua sua prioridade), a favor do fortalecimento do Mercosul. O Mercosul em conjunto tem chances muito maiores de chegar a um acordo comercial justo com os EUA, do que cada país em separado: e é por isso que funcionários do governo Bush sempre criticam a área de livre-comércio sul-americana.

Uma Alca justa, onde os EUA também abram seu mercado e diminuam os subisídios a muitos setores, seria vantajosa à América Latina, e é importante esforçar-se por uma acordo em tais termos. Mas o Mercosul deve ter máxima prioridade: mais do que livre-comércio, ele aspira também a ser uma área de livre circulação de pessoas, à integração política e estratégica, e talvez a uma aliança de defesa. A longo prazo, o Mercosul é muito mais vantajoso do que a Alca, e esta não deve excluir aquele. Com a atual liderança sul-americana, o Mercosul parece ter um futuro auspicioso. Carlo MOIANA Pravda.ru Buenos Aires

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