Xiitas e Sunitas

Praticamente desde seu início o Islã ficou partido em duas grandes seitas. Hoje quase 90% dos maometanos são sunitas e quase 10% deles são xiitas.

Enquanto os primeiros têm uma estrutura menos centralizada de mesquitas, os segundos têm uma estrutura hierárquica em torno de um sumo pontífice (o ayatolá). Os xiitas têm o poder somente no Irã, um país persa, mas não o tem em nenhum país árabe. Cerca de 60% da população de Iraque é xiita, mas o poder sempre tem estado em mãos da minoria sunita de centro.

O clero chiíta iraquiano decidiu aproveitar a presença e as eleições norte-americanas e da guerra interna no triângulo sunita para querer ganhar o parlamento e depois o governo de seu país. Até agora, jamais uma república árabe foi governada por sacerdotes xiitas. Se o Iraque se move nessa direção isso implicará num sério giro histórico no Médio Oriente.

O poder xiita

Depois das eleições deste domingo é provável que o parlamento iraquiano acabe sendo controlado por sacerdotes xiitas. Este acontecimento implica numa guinada nas relações com os EUA.

Faz 25 anos, a Casa Branca republicana considerava a revolução xiita iraniana como seu grande inimigo no Oriente Médio. Para contê-la, os EUA apoiaram a Saddam Hussein, já sabendo de sua brutalidade para com a maioria xiita, na guerra Irã/Contras, que causou um milhão de mortes de 1980 até 1988.

E agora o clero chiíta poderá, pela primeira vez, chegar ao poder no Iraque, porém, graças ao labor militar de Washington. Bush requer o apoio de seus ex-inimigos prós-iranianos para defrontar às insurgências armadas protagonizadas por seus ex-aliados que provêm do Baath, de Saddam e de Al Qaeda (organização surgida faz um quarto de século, sob patrocínio da CIA).

O sucesso da aliança EUA/clero chiíta será bastante difícil, devido à hostilidade de Bush para com o Irã.

Prof. Isaac Bigio Tradução por Pepe Chaves

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