Invasão recolonizadora

Não as encontraram, pois não existiam. As supostas Armas de Destruição Massiva foi a desculpa esgrimida por Bush para aplicar sua estratégia que reivindica o direito de utilizar a força, em qualquer parte do mundo, para manter sua superioridade militar e erguer-se, unilateralmente, como “polícia do mundo”.

Outra desculpa foi a existência de uma relação entre Saddam Hussein e os autores dos fatos do 11 de setembro. O que surpreendeu os serviços de inteligência, pois não encontraram vínculos entre o Iraque e a Al-Qaeda.

Mentiras difundidas por sua maquinaria “informativa” que pretendiam justificar a “guerra preventiva” contra o “terrorismo”. Desculpas para uma velha prática: utilizar a guerra como dinamizadora da economia.

Não conseguiram convencer o mundo de que era necessária a invasão, apenas obtiveram o concurso dos governos da Inglaterra, Itália, Espanha e outros. Um ano depois, o fracasso tem sido total para os EUA, que acreditaram que era possível invadir um país sem sofrer as conseqüências. Uma patriótica guerra de guerrilhas é a resposta. A resistência do povo iraquiano tem levado um país dividido por razões políticas, religiosas e étnicas a se unificar em uma aliança de libertação nacional.

Alguns dados mostram o alto custo que tem tido a invasão para os EUA e seus aliados: 1) 17 ações diárias contra as tropas colonizadoras; 2) mais de 576 soldados mortos, dos quais 510 (até 10 de junho) depois de terminada oficialmente a “guerra”; 3) Impossibilidade de reconstruir a infraestrutura petroleira com a rapidez prevista; e 4) US$ 125 bilhões de custo.

Está claro que se trata de uma ação imperialista na qual os custos serão pagos pelos povos do mundo, incluído o dos EUA, enquanto as grandes petroleiras intensificam e expandem a área de exploração e de apropriação dos recursos energéticos. Era, junto com a configuração do panorama estratégico do Oriente próximo e médio, o grande objetivo da invasão.

Entre os ganhadores se encontra a família de Bush, proprietária da empresa ESSI, construtora de artefatos militares de alta tecnologia, especialmente de um “sistema de refúgio Químico-Biológico”; que é um sistema de proteção contra ataques de Armas de Destruição Massiva, lucrando com suculentos contratos do Pentágono.

Aznar foi desde o começo partidário da intervenção, ignorando o clamor de seu povo, que se opôs. Os atentados do 11 de março são conseqüência da subordinação a Bush. Não obstante procurou tirar proveito político da dor dos espanhóis ao tratar, contra toda evidência, de responsabilizar a ETA. Identificados os autores dos fatos, não resta dúvida que o responsável é Aznar, por semear os ventos que provocaram a tempestade sofrida pelos espanhóis; fatos que influenciaram nos resultados eleitorais de 14 de março.

Nas urnas se castigou a política guerreirista e os enganos do governo de Aznar, favorecendo o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que prometeu retirar as tropas do Iraque.

O que aconteceu na Espanha pode se repetir nos EUA, onde cresce o repúdio à política intervencionista de Bush. O candidato Kerry se aproveita da invasão ao Iraque, qualificando-a de “arrogante, inepta, arriscada e excessivamente ideologizada”. A ocupação do Iraque domina o debate eleitoral nos EUA. É muito provável que os norte-americanos castiguem também Bush, embora isso não signifique uma grande mudança na política imperialista, que continuará favorecendo os interesses das grandes multinacionais.

A guerra contra o “terrorismo” é um pretexto para invadir nações, apropriar-se de seus recursos, limitar as liberdades, globalizar a repressão e o terror e combater as resistências dos povos. Resistências expressadas em correntes políticas, culturais, nacionalistas, regionalistas, que rechaçam o totalitarismo, o hegemonismo ideológico e econômico. O mundo e seus povos não estão ajoelhados.

Lucas Lorenzo

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